
A Associação Guajiru completou, nesta quinta-feira (20), 23 anos de fundação com o propósito de contribuir para a conservação do meio ambiente e das tartarugas marinhas no litoral da Paraíba. Nessas mais de duas décadas de existência, foram 238.067 filhotes de tartarugas que chegaram ao oceano com o apoio dos voluntários da Organização Não Governamental. Em meio a tantos desafios, cada vida que chega ao mar é uma conquista.
A data de surgimento da Ong foi justamente o primeiro dia do encontro do primeiro ninho encontrado pela bióloga Rita Mascarenhas, ao caminhar pela orla entre João Pessoa e Intermares. O trabalho, à época, era feito por ela e um grupo pequeno de voluntários, formado por surfistas, moradores e alguns comerciantes do trecho. “Todos os dias, a gente acordava bem cedo e saia para monitorar os ninhos, fazer a proteção, necropsia de todos os animais mortos que apareciam ou a reabilitação dos que apareciam vivos com algum problema, normalmente ingestão de plástico. Isso foi até março de 2019, quando me ausentei de João Pessoa”, lembra Rita. Ela foi a fundadora da Guajiru e foi a responsável técnica pela Ong por 17 anos.
Sobre a importância da Ong, Rita destaca o trabalho de proteção das tartarugas marinhas, educação ambiental e promoção à ciência. “A partir do trabalho da Guajiru surgiram projetos de mestrado, doutorado, monografias. E também começamos a Rede Nordestina de Proteção às Tartarugas Marinhas – Retamane. Agora, estamos batalhando para construir outras redes pelo país e formar uma rede nacional”, disse.
Mais de 4 mil filhotes – Atualmente presidindo a Guajiru, a bióloga Danielle Siqueira, revela que, nos últimos quatro anos foram liberados, em média, 19.500 filhotes. Na temporada 2024/2025, por exemplo, os números são animadores. No período de novembro de 2024 até a primeira quinzena deste mês foram 217 ninhos identificados e protegidos e mais de 4 mil tartarugas nascidas. A proteção desses animais integra o Projeto Tartarugas Urbanas, uma das principais iniciativas da Guajiru. “Hoje, a Ong também desenvolve outras ações de caráter de educação ambiental e de pesquisa, como a Semana Oceânica PB e o Limpamar”, acrescentou a bióloga.
Danielle Siqueira lembrou ainda que, nesses 23 anos, a Guajiru tem conseguido expandir a sua atuação, ampliando a área de monitoramento, número de voluntários, aquisição de materiais necessários ao trabalho e capacitações técnicas. Tudo isso impacta diretamente no maior número de filhotes protegidos, contribuindo para a preservação das tartarugas marinhas.
Entre os desafios para a continuidade no trabalho da Ong na proteção das tartarugas está a poluição ambiental, incluindo a fotopoluição, e os impactos das mudanças climáticas, cujos sinais já são perceptíveis. “Hoje, nós temos também os desafios das mudanças climáticas que já podem ser observados pelo aumento do nível do mar, da temperatura da areia e da perda do hábitat das tartarugas marinhas”, explicou Danielle Siqueira.
Voluntariado – Atualmente, a Guajiru conta com 115 voluntários, entre profissionais de diversas áreas e estudantes, que atuam diariamente no monitoramento do litoral da Paraíba. Esse trabalho é realizado através do Projeto Tartarugas Urbanas.