Crimes virtuais

“Tudo no mundo digital pode ser alvo de ataque cibernético”, afirma tenente-coronel Arnaldo Sobrinho 

O especialista Arnaldo Sobrinho afirmou que, como os sistemas hoje são digitais, tudo que está no mundo digital pode ser alvo de um ataque cibernético, inclusive a Polícia.

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Tenente-coronel Arnaldo Sobrinho. (Foto: Reprodução).

O tenente-coronel Arnaldo Sobrinho, especialista em crimes cibernéticos, afirmou, no programa Arapuan Verdade desta quarta-feira (12), que tudo que está no mundo digital pode ser alvo de um ataque cibernético, inclusive a própria Polícia. Ele fez ainda alertas aos usuários de internet sobre como se proteger de possíveis golpes, como acompanhou o ClickPB.

Coordenador do escritório brasileiro da Associação Internacional de Prevenção e Combate aos Crimes Cibernéticos, ele afirmou que o crime organizado tenta ‘invadir’ as informações das polícias e admitiu que a Polícia pode ser alvo. “Como os sistemas hoje são digitais, tudo que está no mundo digital pode ser alvo de um ataque cibernético”.

O especialista explicou que Polícia Militar tem uma coordenadoria de Tecnologia da Informação, da qual já foi coordenador. Atualmente, ele está investindo na função de DPO (Data Protection Officer), uma tecnologia trazida pela Lei Geral de Proteção de Dados encarregada da proteção dos dados da corporação.

A importância dessa proteção se deve ao fato de que a Polícia lida com informações sensíveis da população. “Imagine, por exemplo, se alguém que faz uma denúncia de um ponto de tráfico, tem essa informação vazada por um ataque cibernético. É muito grave e existe essa preocupação justamente para que o sistema da Polícia esteja íntegro e livre de possíveis violações que possam afetar o cidadão. Eu estou encarregado dessa missão”.

Como se proteger

Um dos crimes bastante comuns é alguém pegar uma foto da vítima e se passar por ela pedindo dinheiro a familiares. Outra situação é alguém fazer a clonagem do seu número, o que pode trazer prejuízos.

“É algo que diz respeito muito mais à infraestrutura das empresas de telecomunicações, que têm que reforçar métodos para dificultar que criminosos possam acessar o sistema de uma empresa de telefonia e fazer a transferência do seu número sem o seu aval”, observou.

Arnaldo Sobrinho confirmou que isso ocorre, é grave, mas tem diminuído. “O que temos percebido de modo rotineiro é alguém se passando por outro, pega a foto e entra em contato com seus conhecidos pedindo ajuda. Todo dia chegam informações como essa. Já vi pessoas caindo em golpe de R$ 3 mil a R$ 60 mil”.

Assim, a orientação é que, se achar que é tentativa de golpe, é melhor ligar para um contato convencional ou fazer uma chamada de vídeo para confirmar que é aquela pessoa que está, de fato, interagindo.

Outro alerta é para quem costuma se comunicar por áudios. Ele relatou que existem programas na internet, aplicativos, que clonam a voz e fica perfeito. Quem costuma mandar áudios ou interagir somente por áudios, principalmente em grupos que têm pessoas desconhecidas, está correndo o risco de ter a voz clonada e ser vítima de golpes.

Segurança no Instagram

 Para quem está começando um negócio e utiliza o Instagram para o trabalho, deve iniciar da forma correta. “Abra uma empresa, faça a locação de um espaço virtual e abra CNPJ para evitar que essas transações ocorram no nome pessoal. Não é incomum que pessoas que colocam negócios no Instagram tenham sido vítimas”, ressaltou o tenente-coronel Arnaldo Sobrinho.

Ele ressaltou que é preciso aperfeiçoar a autenticação em dois fatores, e também ter muito cuidado com informações que precisam ser autenticadas, por exemplo, através de SMS.

“Isso é uma fragilidade, porque sabemos que criminosos vão utilizar esse tipo de prática de pessoas que realmente tenham uma negociação a ser feita por um banco e, de repente, seja direcionada”.

Clicando num link enviado por SMS, informando que o usuário tem um débito, ele vai ser direcionado para uma página falsa; o atendente vai se passar por um profissional. “Várias pessoas têm sido vítimas de diversos golpes, leilão, compras online, compras não autorizadas, cartão de crédito, todo tipo de transação”. Além disso, segundo ele, o dinheiro esquecido no Banco Central também fez muitas vítimas.

Cuidado com as senhas

 Repetir senhas é um perigo porque se o criminoso descobre uma, automaticamente vai saber todas. “Um hacker consegue violar uma senha de oito dígitos. Vai levar um tempinho, mas ele consegue através de um sistema que chamamos de força bruta”, afirmou.

Na questão de mensagens de WhatsApp e SMS, vários escritórios de advocacia têm sido vítimas, segundo o especialista Arnaldo Sobrinho. “Todo mundo aqui tem um processo, um precatório para receber, um dinheiro que colocou na Justiça. Então, tem criminosos se passando por escritórios, dizendo que a pessoa tem um dinheiro a receber, mas pede que deposite um valor via Pix para poder liberar. É golpe e tem que ser informado à Delegacia de Crimes Cibernéticos de João Pessoa”.

Golpes em alta

 O golpe de vendas pelo Instagram é um dos que estão em alta. “Eu caí num golpe. Compra por instinto. Aparece no Instagram uma promoção. Quando você clica, dá tempo fazer a compra. Não há comentários no perfil. Fiz uma compra no valor de R$ 30 de um produto eletrônico”, relatou.

Conforme Arnaldo Sobrinho, quem costuma fazer compras online deve ficar atento porque ali pode ter, por trás, grupos organizados de criminosos montando esse tipo de estratégia para ludibriar o cidadão e praticar esses golpes.

Wi-fi estabelecimentos

 Operação bancária usando aplicativo de banco usando a rede pública wi-fi de hotéis pode ser um risco. Os bandidos podem, através dessa conexão, entrar no aplicativo do banco da vítima.

Inclusive, para reforçar a segurança, o tenente-coronel Arnaldo Sobrinho afirmou que alguns aplicativos não permitem a realização de operações usando wi-fi e recomenda utilizar os dados móveis nessas situações.

“Existe a possibilidade dessas informações que estão transitando sejam interceptadas, o chamado pacote de dados, e os criminosos podem intervir”, alertou.

Ao chegar num local, ele ressaltou que é preciso ter cuidado ao instalar aplicativos desconhecidos porque as pessoas não fazem a leitura do que é que está permitindo acesso.

“Então, o sujeito pode controlar remotamente o seu celular, gravar vídeos, acessar agenda, mensagens. Às vezes, um pai deixa o filho jogar no celular no qual ele faz as transações. Vai fragilizar a sistemática”.

Internet – terra de ninguém?

 A Polícia tem ferramentas para localizar e identificar quem comete crimes cibernéticos. Existem plenas possibilidades, segundo Arnaldo Sobrinho, especialmente Polícia Civil e Polícia Federal, de solicitar à Justiça a quebra do sigilo telemático e fazer o rastreamento dessas pessoas que, porventura, estejam difamando, caluniando, injuriando quem quer que seja.

Ele lembrou que há cerca de dez dias, criminosos utilizando uma comunidade de compartilhamento de mensagens, pegaram fotos de diversas jornalistas, radialistas paraibanas, colocaram num site de conteúdo adulto, expondo as profissionais.

“Essas pessoas nos procuraram e estamos formalizando uma representação na Delegacia de Crimes Cibernéticos para que se informe, com autorização judicial, quem foi esse indivíduo que pegou as fotos e fez essa divulgação indevida das imagens. Da mesma forma, pode acontecer com alguém que fez um comentário que ofende a honra de alguém. Ele vai ser responsabilizado”, pontuou.

Como evitar compras indevidas no cartão de crédito

A principal forma de fazer o monitoramento é verificar, de forma detalhada, a fatura que chega em casa ou por e-mail. Se teve lançamento de compra indevida no cartão, ser ser necessário cancelar o cartão e pedir outro porque aquela compra não vai ser reconhecida.

“A recomendação que eu faço para quem faz transação no cartão de crédito para compra online, passagem, por exemplo, é que todo banco e toda operadora de cartão permitem que gerar um cartão temporário, feito para compras online. Então, você gera o cartão temporário e efetua aquela compra. A plataforma não vai ter acesso ao número principal porque o cartão vai servir apenas para aquela compra. Depois expira”, completou o especialista.

Imagem ilustrativa (Foto: Pixabay).

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