A atividade agrícola consome boa parte da rotina diária de Claudino Gregório Andrade, de 27 anos, morador da comunidade Riacho Grande, localizada há 7km do município de Coremas. No entanto, ele e mais 25 alunos do curso de Alfabetização de Jovens e Adultos não se deixam vencer pelo cansaço das ocupações cotidianas e vão à escola todas às noites, para aprender a ler e escrever. A professora, Gilvânia Leite Burity, que foi capacitada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, em dezembro de 2005, está animada com o desempenho dos alunos: “eles estão se desenvolvendo muito bem; alguns, inclusive, já fizeram até novos documentos para acrescentar a assinatura”, afirmou.
Assinar o próprio nome é, aliás, uma motivação comum entre os estudantes que vêem na educação um caminho para melhorar sua relação com o mundo. “Quem não sabe ler e escrever depende muito dos outros”, analisou o agricultor Claudino, que durante dois anos morou em Brasília e precisava do auxílio diário de um parente para tomar condução para o local de trabalho. “Agora quero aprender cada dia mais”, disse ele entusiasmado.
Lições básicas de matemática e dinâmicas de grupo também fazem parte da programação das aulas que são realizadas de segunda-feira à sexta-feira, entre as 19h00 e 21h00, totalizando uma carga horária semanal de 10 horas/aula. A boa freqüência dos alunos, cuja faixa-etária varia entre 16 e 70 anos, é um bom indício para a professora Gilvânia, de 21 anos, de que sua primeira experiência profissional terá um bom êxito.
“É muito gratificante ver o esforço de cada um para aprender”, afirmou ela que inclusive está vivenciado uma situação curiosa: ensinar aos próprios pais. Gerailda Leite Burity e Antônio Freire estão entre os freqüentadores mais assíduos do curso lecionado pela filha. “Já passei muita vergonha por não saber ler. Agora que estou aprendendo já consigo fazer coisas como organizar documentos e projetos da nossa Associação”, afirmou Antônio que é presidente da Associação Comunitária dos Moradores de Riacho Grande.
O curso tem duração de oito meses e está inserido no programa “Brasil Alfabetizado”, desenvolvido pelo Governo Federal. Estima-se que a Paraíba tenha cerca de 600 mil analfabetos, dos quais 40% estão no setor rural.
Fonte: News Comunicão