O diretor-executivo da Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (AETC-JP), Mário Tourinho, afirmou ontem que “está tranqüilo” para explicar ao Ministério Público Estadual os custos da planilha e o “procedimento correto” da metodologia utilizada para calcular o reajuste de 14,48% na tarifa de ônibus da capital. “Tem de se atentar que João Pessoa tem hoje a menor tarifa do País em transporte urbano. Pior ainda: as capitais similares a João Pessoa (Maceió, Natal e Florianópolis) estão cobrando tarifas entre R$ 1,60 a R$ 1,80 há mais de ano. Ou seja, essas outras cidades já estão pensando em pular para outro patamar enquanto nós estamos querendo saber se vamos subir de R$ 1,45”, frisou. Os representantes da AETC-JP e da Superintendência de Transporte e Trânsito do Município (STTrans) deverão se reunir na manhã de hoje com o curador do Consumidor, Demétrius Castor, para detalhar a planilha.
Na semana passada, o Conselho de Transporte e Trânsito do Município aprovou o aumento da passagem na capital de R$ 1,45 para R$ 1,66, mas depende ainda da homologação do prefeito Ricardo Coutinho para entrar em vigor. O superintendente da STTrans, Deusdete Queiroga, havia explicado na semana passada que os custos determinantes para compor o novo preço foram referentes ao consumo maior de combustível, reajuste de pessoal (motoristas e cobrador) ocorrido em junho e aumento da quilometragem rodada pelo ônibus, além da redução de passagens pagantes. No entanto, Queiroga afirmou ainda que a decisão do valor final e a data da homologação da nova tarifa cabe ao prefeito Ricardo Coutinho.
Segundo Tourinho, a metodologia já existe há mais de 20 anos e foi traçada pelo Ministério de Transporte, e o resultado “tem sido de uma correção extraordinária”. Ele revelou que as planilhas já foram analisadas quatro vezes pela UFPB. “A única diferença encontrada no estudo tarifário foi no ano de 2001 e a fração era de centésimo de centavos”, frisou Tourinho, que utilizou o pronunciamento do vereador da oposição Hervázio Bezerra para justificar os cálculos. “Na reunião do Conselho de Transporte e Trânsito, quando foi aprovado o novo aumento da passagem, o vereador disse na ocasião que em relação à planilha não havia nada para ser contestado”, lembrou. O diretor-executivo da AETC-JP argumentou que o aumento é pleiteado pelo setor de transporte para que o sistema “não fique desequilibrado. Na hora que está desequilibrado é um desfavor à população, que passa a ter um sistema precário de transporte, sem manuntenção e renovação de frota. Espero que tenhamos responsabilidade com o sistema de transporte, pois ninguém e nada funciona se não houver equilíbrio econômico e financeiro”, ressaltou. Para reforçar as dificuldades financeiras das empresas de transporte da capital, Mário Tourinho informou que três delas já recorreram ao empréstimo bancário para efetuar a primeira parcela do 13º salário. “É bom lembrar que o Conselho no ano passado tinha aprovado uma passagem de R$ 1,50, mas a Prefeitura reduziu para R$ 1,45, ou seja, ela já nasceu defasada”, ressaltou.
Dados da AETC-JP revelam que o setor nos últimos cinco anos apresentou uma queda de 20% no número de passageiros pagantes.
Na capital, o setor de transporte coletivo, que fatura R$ 8,8 milhões por mês, tem uma frota de 429 ônibus e emprega 2,6 mil pessoas.
Jornal da Paraíba