Mestre Sivuca

A Paraíba perdeu seu maior talento, disse o governador

Autoridades, músicos, parlamentares, familiares, amigos e fãs prestaram as últimas homenagens ao Mestre Sivuca que foi enterrado no cemitério Parque das Acácias

Autoridades, músicos, parlamentares, familiares, amigos e fãs prestaram as últimas homenagens ao Mestre Sivuca que foi enterrado no cemitério Parque das Acácias, no José Américo. Entre lágrimas e lembranças, um sorriso despontava entre os que acompanharam a trajetória de sucesso do músico.

“Uma perda de valor imensurável. No entanto, o patrimônio que ele nos deixa é bem mais forte que a partida do corpo”, disse dom Aldo Pagotto, arcebispo da Paraíba. O luto de três dias decretado pelos governos municipal e estadual torna-se pequeno se comparado ao merecimento de Sivuca.

“A herança que ele nos deixa é cheia de cultura, riqueza e criatividade”, declarou o arcebispo, emocionado. “Foi uma perda que trouxe também um ganho, é uma grande responsabilidade para transmitir as futuras gerações. Vamos sepultar o corpo, mas a obra vai ressuscitar no coração do povo”, completou Pagotto.

Outra autoridade presente foi o governador e a primeira-dama do Estado, Cássio Cunha Lima e Sílvia Cunha Lima, respectivamente. “A humanidade perdeu um gênio e a Paraíba perdeu seu maior talento”, disse o governador. Cássio não escondeu a emoção e satisfação de ter participado diretamente do último grande trabalho de Sivuca, com o lançamento do DVD. “Tive a imensa alegria de conviver de perto num momento final da vida dele quando contribuímos para a realização de um grande sonho dele, que foi o DVD”, frisou. “A Paraíba está enlutada, mas orgulhosa pelo ilustre e talentoso filho”.

Outras autoridades prestaram homenagens ao músico, como o secretário de Segurança Pública, Harrison Targino, o comandante da Polícia Militar, parlamentares, procuradores e juízes. 

"Poeta do Som"

O talento de Sivuca, nascido Severino Dias de Oliveira, em 1930, em Itabaiana-PB, se manifestou precocemente. Aos 9 anos já animava casamentos e festas pelo interior. Aos 15 foi tentar a sorte em um programa de calouros, em Recife, tocando, entre outras, Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, música que gravaria, anos depois, em seu primeiro disco.

Estudou harmonia com o maestro Guerra-Peixe e foi parar em São Paulo pelas mãos da cantora Carmélia Alves. Trabalhou em dezenas de programas de rádio e foi do elenco fixo da TV Tupi de 1955 a 1959. Em 1958, foi representar o Brasil na Europa, juntamente com músicos como Abel Ferreira e o Trio Iraquitã. Morou quatro anos em Paris, de 1960 a 1964 e, em 1965, já estava nos Estados Unidos para integrar, como guitarrista, o conjunto de Miriam Makeba, famosa pela gravação de Pata Pata. Com ela viajou pela África, pela Europa e pela Ásia. Foram mais de dez anos acompanhando músicos de todas as vertentes e dirigindo musicais nos EUA.

Voltou ao Brasil, em 1975, e gravou o belo Sivuca e Rosinha de Valença. Também compositor de mão cheia, compôs clássicos como Feira de Mangaio, com a mulher Glorinha Gadelha, sucesso na voz de Clara Nunes, e João e Maria, com Chico Buarque. Gravou com os gaitistas Toots Thielemans , Rildo Hora e interpretou Pixinguinha, Luperce Miranda e Bach.

O DVD “Sivuca – O Poeta do Som” é o mais recente trabalho realizado por Sivuca, lançado em novembro deste ano. Curiosamente seu primeiro trabalho lançado em DVD acabou se transformando também em seu último trabalho. “O Poeta do Som” foi gravado em julho de 2005 no Teatro Santa Roza e no Cine Bangüê, em João Pessoa.

Aos 76 anos, Sivuca era sem dúvida um dos mais talentosos músicos em atividade no mundo. Viveu 67 anos tocando sanfona e deixa uma herança valiosa para a Paraíba e para a música brasileira.

Discografia

Terra esperança
(Kuarup, 2006)

Sivuca – O Poeta do Som (DVD)
(Governo do Estado da Paraíba, 2005)

Cada um belisca um pouco – Dominguinhos, Sivuca & Oswaldinho
(Biscoito Fino, 2004)

Sivuca & Quinteto Uirapuru
(Kuarup, 2004)

Enfim solo
(Kuarup, 1997)

One Good Turn – Erik Petersen & Sivuca
(Music Partner, 1992)

Pau doido
(Milan/Kuarup, 1992)

Um pé no asfalto, um pé na buraqueira
(CBS/Copacabana, 1990)

Lets Vamos – Sivuca & Guitars Unlimited
(Sonet, 1987)

Sanfona e realejo – Sivuca & Rildo Hora
(3M, 1987)

Rendez-Vous In Rio – Sivuca, Toots Thielemans & Silvia
(Sonet, 1986)

Chikos Bar – Toots Thielemans & Sivuca
(Sonet, 1986)

Som Brasil
(Sonet, 1985)

Todos os Sons – Sivuca & Chiquinho do Acordeon
(Barclay, 1984)

Forró e frevo – Vol. 4
(Copacabana, 1981)

Forró e frevo – Vol. 3
(Copacabana, 1980)

Onça Caetana
(Copacabana, 1980)

Forró e frevo – Vol. 2
(Copacabana, 1979)

Vou vida afora
(Copacabana, 1979)

Cabelo de milho
(Copacabana, 1978)

Forró e frevo
(Copacabana, 1978)

Sivuca e Rosinha de Valença ao vivo
(RCA, 1977)

Sivuca
(Copacabana, 1977)

Sivuca at Village Gate
(Vanguard, 1972)

Joy (Trilha Sonora do Musical) – Oscar Brown Jr., Jean Pace & Sivuca
(RCA, 1970)

Putte Wickman & Sivuca
(Four Leaf Records, 1969)

Sivuca & Putte Wickman Orkester
(Interdisc, 1968)

Sivuca
(Grammofon AB Electra, 1968)

Golden Bossa Nova Guitar
(RCA, 1968)

Rendez-Vous a Rio
(Barclay, 1965)

Africaníssimo – Duo Negro & Sivuca
(1959)

Motivo para dançar nº 2
(Copacabana, 1957) 

Motivo para dançar
(Copacabana, 1956)

Valéria Sinésio
Lilla Ferreira

ClickPB

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