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Uma mulher é estuprada a cada meia hora na Índia, diz relatório

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Uma mulher é estuprada a cada meia hora na Índia e, a cada 75 minutos, uma indiana é morta no país — geralmente queimada por não levar para o casamento um dote grande o suficiente.

O número de casos de violência contra crianças aumentou em quase 25 por cento em apenas 12 meses no país e o de casos registrados de aborto de fetos do sexo feminino, em 50 por cento em 2004, revelaram dados da Agência Nacional sobre Registros de Crimes (NRCB).

O relatório, o mais recente da agência, realizado com base em dados de 2004 e obtido pela Reuters na quarta-feira, será submetido ao Parlamento indiano em julho.

A capital do país, Nova Délhi, é o lugar menos seguro para mulheres. Em 2004 a cidade registrou 30 por cento de todos os casos de estupro conhecidos das 30 maiores cidades da Índia, revelou o relatório. Houve 457 estupros na cidade de um total de 1.510 casos relatados.

Uma importante autoridade da NCRB disse que, apesar de os dados referirem-se a 2004, é improvável que a tendência tenha se alterado muito.

“Falando em termos genéricos, não é provável que vejamos uma queda dramática ou uma elevação dramática nos níveis de criminalidade em 2005”, afirmou à Reuters C.S. Mishra, chefe da área de estatística da agência. “Os crimes contra as mulheres estão se tornado cada vez mais comuns há dez ou 15 anos”.

Segundo o “relógio do crime” elaborado pela NCRB, um estupro acontece no país a cada 29 minutos e um caso de crueldade cujo autor é um marido ou parentes dele, a cada nove minutos.

A Comissão Nacional para Mulheres da Índia, a entidade que defende o direito das mulheres, disse que as estatísticas não eram surpreendentes.

“A situação das mulheres na Índia é muito ruim”, afirmou Yasmin Abrar, integrante da comissão. “Estamos lutando de muitas formas para melhorar a situação delas”.

As crianças são as outras principais vítimas de crimes e, segundo as estatísticas, o número de agressões contra as crianças aumentou em 24 por cento em 2004.

O número de feticídios — quando uma criança, na maioria das vezes do sexo feminino, é morta ainda no útero — aumentou em 50 por cento.

O preconceito contra as mulheres alimenta os feticídios de crianças do sexo feminino em muitas partes da Índia, especialmente nos Estados de Haryana e Punjab, ambos no norte.

Segundo Abrar, a elevada taxa de criminalidade também é reflexo de um melhor aparato para registrar esse tipo de fato.

“Um número maior de casos está sendo registrado agora. A coleta de dados sobre a criminalidade melhorou nos últimos anos. É por isso também que esses números estão aumentando”, disse a ativista.

Entre os outros crimes praticados na Índia, um assassinato acontece a cada 16 minutos e uma tentativa de assassinato a cada 19 minutos. Motins acontecem a cada nove minutos e sequestros, a cada 23 minutos, afirmou a NCRB. Roubos acontecem quase a cada dois minutos.

As condenações por estupro são poucas na Índia porque as vítimas mostram-se, com frequência, relutantes em denunciar os agressores devido ao preconceito e por causa das deficiências da polícia ao investigar esse tipo de caso.


Reuters

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