A taxa de fertilidade do Japão — a média de crianças que uma mulher terá ao longo de sua vida — caiu em 2005 para 1,25, um recorde histórico, disse na quinta-feira o Ministério da Saúde, dando destaque a um sinal de perigo para a segunda maior economia do mundo, cuja população está envelhecendo e diminuindo.
A população japonesa diminuiu no ano passado, pela primeira vez desde 1945. Especialistas previam há muito tempo esse fenômeno, mas ele aconteceu dois anos antes do esperado.
“Esses são dados bastante preocupantes”, afirmou o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, apontando para a necessidade de enfrentar o problema. “Esse será um dos itens mais importantes de nossa agenda política.”
O chefe de gabinete do governo do país, Shinzo Abe, um dos principais candidatos na corrida para suceder Koizumi quando o atual dirigente deixar seu cargo, em setembro, chamou atenção para as consequências da pequena taxa de natalidade.
“A tendência de ter cada vez menos filhos exercerá um impacto na economia e na sociedade, diminuindo o crescimento econômico, aumentando o fardo da previdência social e dos impostos e reduzindo a vitalidade da sociedade”, afirmou.
A taxa de fertilidade do Japão caiu para 1,2888 em 2004. Especialistas em demografia dizem ser necessária uma taxa de 2,1 para impedir uma população de encolher.
Os políticos japoneses, antes relutantes em adotar propostas para aumentar a taxa de natalidade em meio a temores de repetir a propaganda do tempo de guerra, tornaram-se mais abertos nos últimos anos a respeito da necessidade de solucionar o problema.
“Ao mesmo tempo em que fornecermos o apoio necessário para permitir às pessoas que criem seus filhos e trabalhem, acho que também é importante conscientizar as pessoas sobre os valores familiares e sobre a alegria de ter filhos”, afirmou Abe.
OUTROS PAÍSES
O Japão não é o único entre os países desenvolvidos a enfrentar um problema do tipo. A taxa de fertilidade da Coréia do Sul caiu para um recorde de 1,08 em 2005, bastante abaixo da média global, de 2,6, e da média entre os países desenvolvidos, de 1,6.
O fenômeno no Japão foi atribuído às longas jornadas de trabalho de homens e mulheres, aos gastos para colocar as crianças em um sistema educacional altamente competitivo e às barreiras que as mulheres enfrentam quando tentam combinar o sucesso profissional com o papel de mãe.
As japonesas tendem a pedir demissão depois de dar à luz e apenas voltar a seus empregos — frequentemente em trabalhos de meio período — quando seus filhos começam a ir à escola.
O anúncio mais recente sobre a queda na taxa de fertilidade, que ficou abaixo de 2 em 1975, deve aumentar as pressões para que o governo reavalie suas políticas nos setores social e de saúde. As autoridades previam que a taxa chegaria a 1,31 e depois se recuperaria, o que não aconteceu.
A imigração pode ser uma forma de enfrentar o problema do encolhimento da população, mas muitos japoneses dizem que um maior fluxo de imigrantes levaria a um aumento das taxas de criminalidade e de outros males sociais.
O chefe de uma comissão do Ministério da Justiça recomendou no começo desta semana que o país limite a proporção de estrangeiros a 3 por cento de sua população. Esse patamar é hoje de 1,2 por cento.
Reuters
Taxa de fertilidade do Japão atinge recorde negativo de 1,25
População japonesa diminuiu no ano passado, pela primeira vez desde 1945. Especialistas previam há muito tempo esse fenômeno, mas ele aconteceu dois anos antes
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