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Sindicatos aceitam negociar nova lei na França

Os sindicatos franceses anunciaram que vão se reunir com representantes do partido do governo, nesta quarta-feira

Os sindicatos franceses anunciaram que vão se reunir com representantes do partido do governo, nesta quarta-feira, para discutir a controvertida lei trabalhista que facilita a demissão de jovens no primeiro emprego.

A força dos movimentos estudantis e trabalhistas foi testada na terça, com enormes protestos em mais de 200 cidades em todo o país.

De acordo com os sindicatos, mais de 3 milhões de pessoas foram às ruas em toda a França no quinto grande protesto nacional contra a lei. A polícia calcula que o número de manifestantes tenha ficado em torno de 1 milhão.

Os líderes sindicais afirmam que vão conversar com representantes do partido do governo, a União do Movimento Popular (UMP), mas só aceitam a revogação total da lei, batizada de CPE (Primeiro Contrato de Emprego, na sigla em francês).

“Se houver uma chance de convencer os deputados do UMP que eles não têm saída, vamos novamente pedir a revogação do CPE. Nos recusamos a negociar concessões”, disse o presidente da Confederação Geral dos Trabalhadores franceses, Bernard Thibault.

Estratégias

As 12 maiores confederações e sindicatos vão participar do debate com o governo.

O jornal econômico Les Echos afirma que há uma crescente preocupação com a forma com que o presidente Jacques Chirac e o primeiro-ministro Dominique de Villepin administraram a crise, que começou a afetar a demanda por produtos franceses.

“A confusão causada pelo Executivo e a forma bizarra com que parte do seu poder foi transferido para o UMP não desencorajou os manifestantes,” diz o jornal, que acrescenta que não há entusiasmo na espera de um ano até as próximas eleições.

Segundo a agência Reuters, executivos franceses estão preocupados com a imagem do país no exterior e como o clima tenso vai afetar seus negócios.

Protestos pacíficos

Apesar das preocupações, os protestos de terça foram tidos como pacíficos, com 383 pessoas presas, o que foi considerado baixo pela polícia. Prisões também foram realizadas na cidade de Rennes, no oeste da França.

Villepin é visto como o defensor do CPE, que foi criado com a intenção de reduzir o desemprego entre os jovens, que chega a 22%.

Críticos afirmam que permitir a demissão de pessoas até 26 anos a qualquer momento nos primeiros dois anos de contrato iria ampliar a insegurança dos trabalhadores e ferir direitos que foram duramente alcançados no país.

Chirac tem apoiado Villlepin, cuja aprovação caiu 20 pontos percentuais desde que a crise começou, há dois meses, e estaria em 28%, segundo pesquisas de opinião. Ele seria o candidato natural à sucessão do presidente.

O papel proeminente do UMP na disputa ampliou a influência do potencial rival de Villepin no governo, o ministro do Interior Nicolas Sarkozy.

O presidente ofereceu um pacote de concessões na sexta, ao ratificar o CPE e imediatamente suspender a vigência da nova lei, para retorná-la à Assembléia Nacional com as emendas propostas.

Entre as concessões estariam a redução do prazo sem estabilidade de dois para um ano e a obrigatoriedade para empregadores de apresentar razões para demissões.

Um sinal da mudança do equilíbrio de poder dentro do governo, a responsabilidade de organizar a nova legislação trabahista foi tirada de Villepin e entregue a Sarkozy.

De acordo com a agência AFP, uma pesquisa que deve ser publicada nesta semana na revista L’Express afirma que 45% dos franceses querem que Villepin renuncie.

As manifestações de terça-feira foram acompanhadas de greves no setor de transportes. O metrô de Paris funcionou com limitações, os trens rápidos foram afetados em 70% e vários vôos domésticos e internacionais foram afetados.

A França, segunda maior economia da zona do euro, sofreu uma onde de protestos em zonas de baixa renda, nos arredores de Paris no ano passado. E parte da solução apresentada pelo governo para o problema de desemprego nestas áreas seria o controvertido CPE.

BBC Brasil

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