O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenou, nessa quarta-feira, a proibição imposta pelo governo do Talibã ao trabalho de mulheres nas Nações Unidas, no Afeganistão. Em um comunicado, Guterres defendeu a revogação imediata da medida.
O porta-voz da ONU Stephane Dujarric afirmou que as funcionárias são essenciais às operações humanitárias necessárias à população afegã, que é a mais afetada pela proibição. “É uma violação de direitos humanos fundamentais das mulheres”, completou.
A ONU informou, nessa terça-feira, ter recebido a confirmação de que as funcionárias mulheres das Nações Unidas haviam sido proibidas pelo governo de exercer as funções, em todo o território do Afeganistão. Como não houve comunicado oficial, representantes das Nações Unidas previam se reunir, nessa quarta-fieira, com autoridades em Cabul. Horas antes, a Missão de Assistência da organização no país (UNAMA) já havia registrado impedimento a mulheres ligadas ao programa em Nangarhar, uma província no leste afegão.
Em dezembro, O Ministério da Economia afegão anunciou que as mulheres empregadas nas mais de mil e duzentas ONGs em operação no país estavam proibidas de exercer as funções. Na época, o Talibã justificou a decisão com o argumento de que havia queixas sobre o descumprimento da exigência do uso do hijab (o véu muçulmano obrigatório para mulheres) e a ONU não foi afetada pela decisão.
O Talibã voltou ao poder, em agosto de 2021, quando tomou a capital Cabul, sem enfrentar resistência, e em meio a uma retirada apressada e desordenada dos últimos militares americanos ainda no país. O grupo controlou o Afeganistão , pela primeira vez, na década de 1990, com sua versão radical da lei islâmica que impunha proibições de trabalho e estudo para a mulheres e meninas, que eram obrigadas a cobrir o corpo inteiro com a burca veste que se tornaria símbolo da repressão a liberdades individuais do regime. Em outubro de 2001, os Estados Unidos invadiram o país e derrubaram o governo do Talibã, em resposta ao abrigo dado a terroristas da Al Qaeda responsáveis pelos atentados de 11 de setembro.