Cuba lembra hoje o 48º aniversário da vitória da revolução pela primeira vez com Raúl Castro como presidente provisório do país, Fidel Castro afastado do poder e uma longa lista de tarefas pendentes para 2007.
Apesar de convalescente desde que delegou suas funções em 31 de julho, após ser operado por causa de uma doença que é mantida como segredo de Estado, o líder cubano enviou no sábado uma mensagem a seus concidadãos para felicitá-los pelo novo aniversário da revolução.
"Sempre adverti que minha recuperação seria um processo prolongado, mas está longe de ser uma batalha perdida. Colaboro como paciente disciplinado com a consagrada equipe de médicos nossos que me atende", indicou Fidel Castro, ao afirmar que não deixou de "estar a par" dos principais eventos e informações.
Dois dias depois da carta, sem atos oficiais e com a perspectiva de uma terça-feira sem trabalho, os cubanos festejaram o Ano Novo, enquanto atividades musicais e culturais, nas quais alguns dos artistas mais importantes da ilha participam, transcorrem em diferentes partes do país.
No entanto, quase 50 anos depois da vitória revolucionária de 1959, que teve destaque na imprensa local, e apesar da festividade das datas, as autoridades do Governo continuam sua tarefa estes dias em diferentes pontos do país.
O jornal "Granma" traz hoje a visita do vice-presidente Carlos Lage a Bayamo (oeste) para supervisionar as melhorias introduzidas no sistema de geração elétrica da ilha.
Lage assinalou sobre isso que "a divisa" de Cuba será gerar energia com a máxima eficiência e economizar tudo possível.
Analistas consultados pela Efe consideram que o Governo está disposto a obter de forma urgente resultados com o atual sistema econômico no que consideraram "talvez a última tentativa de conseguir uma eficiência decente do modelo econômico socialista, antes de cuidar de outros problemas maiores".
A necessidade de introduzir mudanças em Cuba ficou clara em uma pesquisa realizada com mais de 280 jovens e publicada ontem, domingo, pelo jornal oficial "Juventud Rebelde".
Segundo o jornal, "a economia foi o ponto comum de todas as opiniões, seguida pela preocupação com o futuro do projeto socialista quando já não haja a direção histórica da revolução".
Entre os comentários, não faltaram os que pediram o final da "dualidade de moedas", em um país onde um peso conversível – moeda corrente nas lojas com melhores provisões é trocada a US$ 1,08 – equivale a 25 pesos cubanos e um salário gira em torno dos 350 pesos (cerca de 15 dólares).
"Gostaria de um país no qual o dinheiro chegue às pessoas para suas necessidades, no qual os preços dos produtos correspondam com o salário dos trabalhadores e onde continue havendo igualdade entre todos", assinalou um dos entrevistados.
Em 20 de dezembro, o ministro da Economia, José Luis Rodríguez, destacou a necessidade de reestruturar a situação salarial, tornar o sistema monetário mais coerente, assim como flexibilizar a elaboração de planos de investimento e produção.
No entanto, o próprio Rodríguez indicou durante a sessão da Assembléia Nacional do Poder Popular (Parlamento) de 22 de dezembro que o país tem que melhorar sua eficiência e produtividade, enquanto os responsáveis econômicos colocavam na mesa problemas como o desperdício, o descontrole e a indisciplina trabalhista.
Com Raúl Castro na Presidência da sessão pela segunda vez em 30 anos, os problemas de transporte, habitação e do setor agrícola, entre outros, foram lançados pelos deputados.
O presidente provisório fez sua contribuição pessoal ao ressaltar que as "imprecisões e inexatidões" no tratamento dos problemas não podem ser admitidas e assegurou que todos já "estão cansados de justificativas nesta revolução".
EFE/Terra