Um pequeno quadro florentino do século 16 roubado de um museu alemão durante a 2a Guerra Mundial e dado a um repórter em 1952 a título de “presente de casamento” foi devolvido a seu proprietário de direito.
O retrato de Eleonora de Toledo, pintado por Alessandro Allori, foi devolvido à Gemaeldegalerie de Berlim depois de o veterano correspondente do BBC no exterior Charles Wheeler ter pedido à Comissão de Arte Saqueada na Europa (CLAE) que descobrisse a quem ele pertence de direito.
Anne Webber, co-presidente da Comissão, disse à Reuters: “Ele (Wheeler) carregou o quadro com ele durante anos e gostava muito dele, mas não fazia idéia de sua importância.”
“Ele o ganhou de presente de casamento de um fazendeiro que conhecia, que lhe disse que o recebeu de um soldado russo em troca de dois sacos de batatas que seriam usadas para produzir vodca. Ele não estava casado na época, mas, para o fazendeiro, isso não fez diferença.”
A CLAE, uma organização sem fins lucrativos, se especializa em devolver a seus donos originais objetos de arte e artefatos saqueados pelos nazistas.
Webber entrou em contato com galerias na Alemanha e transmitiu uma descrição do quadro, um óleo sobre madeira medindo 12 por 16 centímetros.
A Gemaeldegalerie, que tem em seu acervo uma das maiores coleções de arte européia dos séculos 13 ao 18, imediatamente enviou de volta por fax uma foto tirada do quadro antes de ele ser guardado num depósito, em 1939.
O acervo da galeria inclui obras-primas de artistas como Albrecht Durer, Lucas Cranach, Rafael, Ticiano, Caravaggio, Peter Paul Rubens e Rembrandt.
A galeria acreditava que o quadro desaparecido tivesse sido queimado ou levado à Rússia depois do fim da guerra.
“Este é o quarto artefato perdido pela Alemanha na guerra, cuja devolução pudemos garantir nos últimos seis meses”, disse Webber.
Klaus-Dieter Lehmann, presidente da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano, que abrange todos os museus estatais de Berlim, disse que a devolução suscita a esperança de que outras obras desaparecidas possam ser localizadas.
Depois de ser restaurado pela galeria, o quadro, que já percorreu o mundo na bagagem de Wheeler, será posto em exposição pública.
Reuters
