O ministro da Educação Superior do Iraque, Abd Dhiab, disse nesta quinta-feira que teme que muitos funcionários do seu Ministério, seqüestrados em massa na terça-feira, tenham sido torturados e mortos – contrariando relatos anteriores.
Dhiab disse à BBC que há "rumores e relatos de que alguns deles foram mortos, e até alguns dos que foram libertados foram tratados com muita violência, alguns deles ficaram com suas pernas e mãos fraturadas."
De acordo com ele, cerca de 70 pessoas já haviam sido libertadas de um total de cerca de 150 funcionários levados na terça-feira.
O ministro, um membro de um partido muçulmano sunita dentro da coalizão governista liderada pelos xiitas, afirmou também que estava se afastando do cargo até que todos os reféns sejam libertados.
"Eu estou me afastando até que algo seja feito de forma ativa (para melhorar a segurança), não apenas conversa", disse.
Um porta-voz do governo iraquiano contrariou Abd Dhiab, dizendo que o número inicial de reféns havia sido de 40, e que não mais de cinco ainda seriam reféns.
Vários policiais foram presos durante as investigações por suspeita de envolvimento no seqüestro, o que levantou questões sobre uma possível cumplicidade entre as forças de segurança e as milícias xiitas.
Escalada
Muitos iraquianos acreditam que seqüestros em massa são cometidos por membros das forças de segurança, dominadas por xiitas, ou ocorrem com a conivência destas.
As suspeitas alimentam temores de que a situação da segurança em Bagdá esteja saindo do controle.
Ainda nesta quinta-feira, nove pessoas foram mortas por atiradores em uma emboscada numa padaria no leste da capital iraquiana.
Segundo a polícia, os atiradores invadiram a padaria por volta das 7h30 (2h30 de Brasília) e abriram fogo contra os consumidores e funcionários.
A maioria das padarias de Bagdá pertence a membros da maioria xiita, tornando-as alvos freqüentes de militantes sunitas.
A padaria atacada nesta quinta-feira ficava no bairro Zayouna, de população mista.
O ataque deixou poças de sangue no chão, além de provocar correria e pânico.
"Os atiradores invadiram a padaria e mataram os funcionários enquanto eles preparavam pães. Eles não tinham feito nada de errado", disse uma testemunha à agência de notícias Associated Press.
Explosões
Em outro episódio de violência, ao menos três civis foram mortos em duas explosões em Bagdá.
Uma bomba colocada em uma motocicleta explodiu no bairro de Amal, matando ao menos uma pessoa, enquanto uma explosão no leste da cidade matou outras duas pessoas.
O Exército dos Estados Unidos também anunciou as mortes de mais quatro de seus soldados no Iraque.
Dois deles foram mortos por uma bomba deixada numa estrada, enquanto outro foi morto na quarta-feira durante combate na província Diyala, no nordeste do país. Um quarto soldado morreu durante uma operação em Bagdá, na terça-feira.
BBC Brasil