Três explosões atingiram Bagdá em um intervalo de duas horas nesta segunda-feira logo após uma bomba em uma estrada matar três soldados dos Estados Unidos. Os três soldados americanos foram mortos quando uma explosão atingiu sua patrulha de combate no nordeste de Bagdá. Outros dois soldados ficaram feridos neste incidente.
As mortes de hoje elevam para 46 o número de soldados americanos mortos em dezembro no Iraque. Ao menos 2.934 membros das forças militares dos Estados Unidos já morreram desde o início da guerra, em março de 2003, de acordo com o balanço da agência de notícias Associated Press (com base em dados do Pentágono).
Em seguida, três bombas explodiram uma depois da outra na capital iraquiana em um intervalo de duas horas. Às 9h (Bagdá está cinco horas à frente do horário de Brasília), um suicida em um carro carregado com explosivos atingiu uma casa abandonada usada por policiais como posto em Dora, no sul de Bagdá, matando um policial e ferindo cinco, segundo um policial local.
Às 9h45, outra bomba explodiu em uma estrada perto da Universidade Mustasiriyah no leste de Bagdá, ferindo sete civis que estavam próximos ao local, de acordo com a polícia.
A terceira bomba explodiu às 10h30 perto do Al Maamoun College no oeste de Bagdá. Um estudante morreu e dois outros ficaram feridos. Outros dois policiais também ficaram feridos nesta explosão.
Na última semana, o premiê do Iraque, Nouri al Maliki, pediu a professores e estudantes de universidades que continuem indo às aulas e ignorem os avisos de milícias sunitas para ficaram em casa. Os grupos sunitas enviaram e-mails para os estudantes e colocaram cartazes nas escolas e mesquitas de Bagdá, dizendo que os estudantes devem se manter à distância até que os campi sejam "limpos" de esquadrões da morte xiitas.
Os ataques, no entanto, continuam acontecendo, não só nos campi como em todo o Iraque. Confrontos entre sunitas e xiitas causaram a morte de ao menos 83 pessoas (entre novas vítimas e corpos encontrados) no Iraque nos últimos dias 59 das quais foram encontradas em Bagdá com várias marcas de tiros.
Divisão de opiniões
Neste domingo, o conselheiro nacional de segurança do Iraque, Mouwaffaq al Rubaie, afirmou neste que o país precisa de mais "paciência estratégica" por parte de Washington. Para o conselheiro, os Estados Unidos devem continuar no Iraque até derrotarem a violência e os terroristas que ameaçam tomar a região.
Já o presidente iraquiano, Jalal Talabani, rejeitou inteiramente um relatório do Grupo de Estudos sobre o Iraque que recomenda uma mudança na estratégia dos Estados Unidos em sua ação no país. Talabani expressou sua recusa em concordar com o relatório em uma entrevista concedida neste domingo em sua casa em Bagdá.
"O relatório Hamilton-Baker é injusto. Contém artigos perigosos que solapam a soberania do Iraque e sua Constituição. O rejeito inteiramente", afirmou o presidente.
Talabani, curdo, se mostrou particularmente hostil à sugestão de reintegração dos ex-integrantes do partido Baath, do ex-ditador Saddam Hussein, no processo político iraquiano.
"Isto é contrário à grande luta que o povo iraquiano empreendeu contra a ditadura", disse o presidente. O Baath era o único partido do Iraque durante o regime de Saddam Hussein e foi dissolvido depois da queda do ex-ditador em abril de 2003, após a invasão da coalizão dos EUA ao país.
O Grupo de Estudos para o Iraque, liderado pelo ex-secretário de Estado republicano James A. Baker e pelo ex-legislador democrata Lee Hamilton, divulgou na última semana um relatório dizendo que a estratégia no Iraque "falhou" e que é preciso uma vasta mudança de foco, que incluiria o início da retirada das tropas de coalizão lideradas pelos EUA.
A comissão pede a retirada das tropas liderada pelos EUA até 2008.
Fonte: Folha Online