O Partido Radical Sérvio (SRS, sigla em sérvio) deve ser o vencedor da eleições do país, realizadas no último domingo, segundo as primeiras projeções. O SRS é o partido que comandava a ex-Iugoslávia no início dos anos 90, quando o presidente Slobodan Milosevic estava no poder.
Com o anúncio dos primeiros números, o candidato a primeiro-ministro do SRS, Tomislav Nikolic, disse: “Ganhamos como esperávamos”.
“Mesmo concorrendo contra os partidos do primeiro-ministro e [do presidente] Boris Tadic, com suas campanhas injustas contra nós, acabamos provando nossa força”, disse.
Ele pediu a renúncia do presidente Tadic e do premiê, Vojislav Kostunica, que advogam por uma posição mais favorável à União Européia.
A expectativa é a de que o SRS, que é contrário à adesão da Sérvia à União Européia, fique com cerca de 28,5% dos votos, mais do que qualquer outro partido. Contudo, o partido não deve conseguir encontrar aliados para formar um governo.
O correspondente da BBC em Belgrado Jonny Dymond disse que o SRS não conseguirá formar um governo porque nenhum partido aceita fazer uma coalizão com eles.
Analistas dizem que o governo pode voltar a ser formado por uma coalizão liderada pelo primeiro-ministro. É possível que Kostunica consiga formar uma maioria parlamentar com os partidos menores.
O Partido Democrático (DS), que é favorável à aproximação com a União Européia, e o Partido Democrático da Sérvia (DSS), teriam conseguido 22% e 17%, respectivamente.
Eleições
As autoridades sérvias disseram que o comparecimento às eleições foi de cerca de 62%.
Depois da separação de Montenegro no ano passado, a Sérvia adotou uma nova constituição, que estipulava a dissolução do Parlamento e convocação de novas eleições.
Durante a campanha, os candidatos tentaram mostrar a eleição como uma escolha entre uma maior aproximação ou não com a União Européia (UE). Todos os partidos incluíam a UE de alguma forma em seus projetos – menos os vitoriosos nacionalistas do SRS.
Mas analistas dizem que os pontos que decidiram a eleição foram a economia e o o combate à corrupção.
A relação entre Belgrado e a União Européia passa por um momento delicado, por causa do julgamento de criminosos de guerra sérvios e do status político de Kosovo.
Futuro
Os ministros das Relações Exteriores de vários países europeus devem se reunir nesta segunda-feira em Bruxelas para determinar como lidar com o resultado das eleições na Sérvia.
O bloco europeu esperava claramente que um candidato moderado vencesse para facilitar o diálogo com o país. Em maio passado, a UE suspendeu um acordo de ajuda com a Sérvia porque o país não entregou o general bósnio Ratko Mladic, acusado de crimes de guerra, que estaria se escondendo no país.
A campanha do SRS foi fortemente guiada pela mensagem anti-Europa e o líder do partido, Vojislav Seselj, está sendo julgado por crimes de guerra pelo tribunal da Organização das Nações Unidas, em Haia, na Holanda.
BBC Brasil