O Governo iraquiano finaliza os preparativos para a execução, provavelmente nesta quinta-feira, de Barzan al-Tikriti, meio-irmão de Saddam Hussein, e de Awad al-Bandar, seu assessor, acusados de crimes contra a humanidade.
Tikriti, antigo chefe dos serviços secretos iraquianos, e Bandar, ex-juiz, seriam enforcados com Saddam em 29 de dezembro, mas a aplicação da sentença foi adiada para depois da festividade do Eid al-Adha (festa do Sacrifício).
Fontes oficiais citadas pelo canal "Al-Furat", que representa a comunidade majoritária xiita, afirmaram hoje que os dois serão executados na quinta-feira, informação que foi confirmada por outra emissora pró-americana, a "Al Hurra", do Iraque.
Além disso, o conselheiro de Segurança Nacional iraquiano, Mouwafak al-Rubai, assegurou que os dois antigos colaboradores do ex-presidente iraquiano serão enforcados "após as festividades".
No entanto, Sami al-Askari, conselheiro político do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, disse hoje que "é possível" que a execução ocorra na próxima semana, após o Dia do Exército no Iraque.
A Eid al-Adha, principal festividade dos muçulmanos, teve início no sábado no mundo islâmico, no mesmo dia em que Saddam foi executado. Os xiitas do Iraque e do Irã, no entanto, a iniciaram no domingo, motivo pelo qual, para eles, a festividade termina hoje.
Tanto Saddam como Barzan e Bandar foram condenados à morte em novembro, pelo Tribunal Penal Supremo, devido à execução de 148 islamitas xiitas, acusados de serem responsáveis por uma tentativa de assassinato sofrida por Saddam, em 1982.
Paralelamente às notícias sobre a execução de Barzan e Bandar, o escritório do conselheiro de Segurança Nacional do Iraque, Mouwafak al-Rubaie, confirmou à Efe que um membro das forças de segurança iraquianas que gravou as imagens da execução de Saddam Hussein havia sido detido.
As autoridades o acusam de divulgar as imagens do enforcamento de Saddam Hussein aos meios de comunicação, confirmou o escritório de Rubaie, que não quis dar mais detalhes sobre a identidade do detido.
A prisão ocorre depois de o Governo iraquiano ser criticado por violar os procedimentos legais durante a execução de Saddam Hussein.
Ontem, um juiz iraquiano que estava presente na execução de Saddam Hussein acusou "dois altos responsáveis do Governo" de filmarem, em 29 de dezembro, o processo de execução do ex-ditador.
O juiz Munqiz al-Faroun, assessor do procurador-geral no julgamento no qual Saddam foi condenado à morte por crimes contra a humanidade, afirmou que os dois responsáveis filmaram a execução de Saddam com as câmeras de seus celulares, "apesar de todas as medidas de segurança adotadas para proibir tais ações".
Por sua vez, o comando americano rejeitou os métodos da administração iraquiana na execução de Saddam.
O porta-voz das forças dos EUA no Iraque, William Caldwell, criticou hoje o procedimento na execução do ex-presidente iraquiano e negou qualquer vinculação dos EUA com os fatos que ocorreram durante o enforcamento.
"Caso Saddam estivesse em nossas mãos, teríamos atuado de outra forma, diferente da do Governo iraquiano", garantiu Caldwell.
Também hoje, surgiu na internet uma mensagem escrita pelo "número dois" do antigo regime, Izzat al-Douri, na qual ele responsabiliza Estados Unidos, Reino Unido, Israel e Irã pela execução e se compromete a seguir "o mesmo caminho" de Saddam.
"Aos que lutavam por Saddam, digo que ele cumpriu seu papel, e agora é um mártir. Aos que lutam pela nação, por sua unidade e liberdade, digo que a pátria ainda está viva" diz a carta.
Douri, por cuja captura os EUA oferecem US$ 25 milhões, era vice-presidente do Conselho do Comando da Revolução, a máxima instituição do poder durante o regime de Saddam, e seu paradeiro é desconhecido desde a queda do ex-ditador, em abril de 2003.
EFE