O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, renunciou ao seu mandato nesta quarta-feira (21), horas depois de uma grave derrota política no Senado. Segundo a agência Reuters e a rede de TV CNN, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, aceitou a renúncia, após reunião durante esta tarde com Prodi, que estava no poder há nove meses.
O governo de centro-esquerda do primeiro-ministro italiano perdeu por dois votos uma importante votação no Senado sobre a posição italiana frente à guerra no Afeganistão. A oposição aproveitou a ocasião e pediu a renúncia do Executivo.
A proposta precisava de 160 votos para ser aprovada. Mas apenas 158 senadores votaram a favor. Houve 136 votos contra.
A proposta derrotada previa como ponto fundamental a continuidade da estratégia que hoje mantém cerca de 1.900 soldados italianos no Afeganistão, junto às tropas norte-americanas, e também a ampliação de uma base americana na cidade de Vicenza, no norte do país.
A derrota e a renúncia de Prodi acontecem no mesmo dia em que o premiê britânico, Tony Blair, anunciou a retirada de parte de suas tropas do Iraque -onde também operam junto às forças militares norte-americanas. Clique aqui para saber mais.
O presidente Napolitano se reunirá na manhã desta quinta-feira (22) com líderes dos principais partidos políticos italianos para discutir quais serão os próximos passos na formação de um novo governo.
O dia em Roma
Após a derrota no Senado, Prodi compareceu nesta quarta-feira (21)à tarde ao Palácio do Quirinale, sede da Presidência da República, para analisar seu futuro político. O presidente Napolitano é o árbitro supremo da política italiana.
"Falei [por telefone] com o presidente (Giorgio Napolitano) e comuniquei a ele minha intenção de ir o mais rapidamente possível ao Quirinale para informá-lo sobre a situação criada após a votação no Senado", afirmou Prodi em nota, no início da tarde.
O presidente interrompeu uma visita que fazia à Bolonha para poder resolver o impasse o mais rapidamente possível.
Após o "não" do Senado, a oposição conservadora exigiu a imediata renúncia do governo de centro-esquerda, lembrando que o ministro das Relações Exteriores, Massimo DAlema, disse nas últimas horas que, caso fosse derrotado no Senado, o governo iria "para casa", ou seja, renunciaria.
As palavras de DAlema dirigiam-se aos senadores mais radicais da coalizão governamental (a União), entre eles comunistas e verdes, que rejeitam a política externa do governo no que diz respeito à permanência do contingente militar italiano no Afeganistão e à ampliação da base militar americana de Vicenza.
Os partidos que formam a União reuniram-se após a derrota no Senado para analisar a situação, enquanto a oposição exigia a renúncia de Prodi.
Simpatizantes e a juventude do Forza Itália, partido de Silvio Berlusconi, concentraram-se em frente à sede da Presidência do governo para pedir a renúncia do governo de Prodi e a realização de eleições gerais.
Fonte: globo.com