A polícia japonesa incluiu no final de 2006 o nome de mais um brasileiro à lista de acusados de crimes no Japão que fogem do país para escapar da Justiça.
Com isso, o número de brasileiros procurados pela polícia japonesa chegou a 86.
Dos 652 procurados estrangeiros, os chineses aparecem em primeiro lugar, com 281 fugitivos, e os brasileiros em segundo.
A maioria dos foragidos brasileiros se enquadra na categoria de crimes hediondos (48 casos), que inclui estupro e assassinato.
Assassinato e fuga
Segundo as autoridades japonesas, o último brasileiro a entrar na lista foi acusado de matar Sônia Aparecida Ferreira Sampaio Misaki, 41, e os dois filhos dela, Hiroaki Misaki, 15, e Hiroyuki Misaki, 10.
Os corpos foram encontrados pela polícia no dia 22 de dezembro em Yaizu, na província de Shizuoka, com cordas no pescoço e ferimentos de faca.
Sônia e o filho mais novo estavam em casa, e o corpo do filho mais velho foi achado no apartamento vizinho, onde morava o brasileiro acusado.
Segundo a polícia, o acusado fugiu do país pelo Aeroporto Internacional de Narita, a 60 quilômetros de Tokyo, com destino a São Paulo no dia 19 de dezembro. O crime teria acontecido um dia antes da fuga.
Revolta
A quantidade de foragidos revolta os japoneses e preocupa a comunidade brasileira residente no Japão, calculada em 280 mil pessoas.
Na província de Shizuoka, onde aconteceram os crimes de maior repercussão, os imigrantes brasileiros dizem que são vistos como perigosos e reclamam de que depois do crime em Yazu está mais difícil alugar um apartamento.
Assim como os japoneses, a comunidade brasileira pressiona para que os foragidos sejam processados.
Em setembro do ano passado, a ABRAH (Associação de Brasileiros de Hamamatsu, cidade também localizada em Shizuoka) entregou um documento pedindo a punição dos procurados ao ministro das Relações Exteriores japonês, Taro Aso, e ao embaixador do Brasil no Japão, André Amado.
Acordo
No final de janeiro a entidade pretende entregar uma petição propondo que os governos dos dois países comecem logo a discutir um acordo para agilizar o andamento do processo criminal na Justiça brasileira.
O processo seria realizado no Brasil sob a luz da legislação brasileira por requerimento dos órgãos competentes japoneses, explica Etsuo Ishikawa, presidente da ABRAH.
Segundo a Embaixada do Brasil em Tóquio, o documento entregue em setembro foi encaminhado a Brasília.
O governo brasileiro de forma alguma pode concordar com a impunidade. Estamos totalmente abertos (a ajudar os japoneses nesta questão), inclusive há pedidos de julgamentos que estão sendo traduzidos, e um dos casos já chegou no Brasil, afirma Elaine Humphreys, diplomata responsável pelo setor de comunidade da Embaixada do Brasil em Tóquio.
Folha Online