Guerra

Netanyahu ganha raro apoio interno em Israel, por ser equiparado ao Hamas em acusações de crimes de guerra

Adversários políticos e desafetos do primeiro-ministro Netanyahu se unem para atacar decisão do promotor do Tribunal Penal Internacional, que pediu a sua prisão, juntamente com líderes do grupo terrorista.

Netanyahu ganha raro apoio interno em Israel, por ser equiparado ao Hamas em acusações de crimes de guerra

Réu em três processos por corrupção em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pode-se tornar o primeiro líder de um país ocidental a ser acusado pelo Tribunal Penal Internacional, desde a criação do órgão há mais de duas décadas.

O procurador-chefe, Karim Khan, solicitou a um comitê de três juízes mandados de prisão para o premiê e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a Humanidade.

A decisão em si não surpreendeu. Os israelenses se acostumaram a ver o chefe de governo em apuros e isolado no cenário internacional. Mas repercutiu mal vê-lo misturado, no mesmo rol de acusações, com os líderes do Hamas — Yahya Sinwar, Mohammed Deif e Ismail Haniyeh.

Foi como se, mesmo que momentaneamente, Netanyahu ganhasse um salvo-conduto de seus conterrâneos e adversários políticos, que o acuam diariamente com protestos e ultimatos por sua saída do governo.

As condenações à comparação entre Israel e o grupo terrorista responsável pelo maior massacre de civis perpetrado em território israelenses juntaram os desafetos tradicionais do premiê: o líder da oposição israelense, Yair Lapid, e o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos.

“Não podemos aceitar a comparação ultrajante entre Netanyahu e Sinwar, entre os líderes de Israel e os líderes do Hamas”, protestou Lapid em suas redes sociais.

Nem por isso Netanyahu, contudo, deixou de ser responsabilizado pela situação degradada que o país ocupa no cenário internacional.

“A equivalência é irritante e sublinha principalmente o fracasso estratégico total de Netanyahu e do seu governo: sete meses após o ataque do Hamas, os líderes de Israel são comparados com os líderes de uma organização terrorista”, afirmou o jornal “Haaretz” em seu editorial, ao destacar a arrogância do premiê por desprezar todos os alertas sobre o tsunami diplomático que engole Israel.

Se os juízes aceitarem o pedido de Khan, Netanyahu e Gallant se juntarão ao grupo integrado por outros ditadores, que tiveram mandados de prisão expedidos: o russo Vladimir Putin, o sudanês Omar al-Bashir e o falecido líder líbio Muamar Kadhafi.

Sob o risco de ser preso, o premiê mais longevo do país não poderá pisar em 124 estados-membros que assinaram o Estatuto de Roma. Mas terá guarida nos EUA, que assim como Israel, não ratificaram o tratado.

Dificilmente ele será julgado por isso. Como era esperado, Netanyahu se apresentou como mártir aos israelenses, esbravejando contra o promotor Khan, a quem acusou de “despejar gasolina insensivelmente nas fogueiras do anti-semitismo que assolam o mundo”.

Conforme ressaltou o colunista Anshel Pfeffer, do “Haaretz”, no curto prazo a popularidade do premiê pode até aumentar, mas isso não deve obscurecer o que aconteceu depois de 7 outubro, quando Israel embarcou numa guerra justificada e com apoio internacional.

“A má gestão desta guerra, a insensibilidade e a estupidez covarde deste governo transformaram Israel num pária global que, aos olhos do mundo, está ao mesmo nível do Hamas”, resumiu.

G1

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