O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ajudou na segunda-feira pequenos produtores rurais guatemaltecos a carregarem caixas de alface em um caminhão, como forma de demonstrar os benefícios do livre-comércio na América Latina.
Usando um casaco colorido, Bush deu uma força na Unidade de Embalamento Labradores Mayas, uma cooperativa fundada por agricultores indígenas da localidade de Chirijuyu.
"O livre-comércio é importante. É um portal. Cria empregos na América e cria empregos aqui", afirmou ele aos agricultores, que exportam legumes para os supermercados Wal-Mart na América Central.
A Guatemala, um país marcado pela pobreza, a corrupção e o narcotráfico, com um governo fortemente aliado a Washington, é a penúltima escala da viagem de Bush pela América Latina, que já incluiu paradas no Brasil, no Uruguai e na Colômbia.
Ele foi recebido com cartazes e alguns poucos gritos de "Viva Bush" por moradores com trajes típicos e chapéus de palha na localidade de Santa Cruz Balanya. Em outras cidades guatemaltecas, porém, houve protestos contra a presença de Bush — presidentes norte-americanos são especialmente impopulares no país devido ao apoio dos EUA à repressão militar na longa guerra civil do país.
Preocupado com a crescente influência do venezuelano Hugo Chávez na região, Bush usou sua viagem para tentar melhorar as relações com líderes de direita ou moderados de esquerda, num esforço para contrabalançar o antiamericanismo resultante da guerra do Iraque e das políticas comerciais e migratórias dos EUA.
Bush disse que o livre-comércio revela o melhor de cada um. "Queremos que as pessoas realizem o potencial que Deus lhes deu", disse ele aos agricultores. Antes, o presidente havia visto unidades médicas militares dos EUA e da Guatemala atendendo a população local.
PROTESTOS
Houve confrontos entre policiais e agricultores indígenas contrários à visita de Bush nas ruínas de Iximche, capital do povo maia Kaqchikel antes da chegada dos conquistadores espanhóis, há cinco séculos.
"Estamos protestando contra o maior assassino do mundo pisar no nosso local sagrado. Para nós, é doloroso e é uma enorme ofensa", disse o líder indígena Jorge Morales Toj.
Chávez ofuscou Bush na segunda-feira, visitando a Jamaica após uma escala na Nicarágua no fim de semana para um encontro com o presidente Daniel Ortega, ex-inimigo dos EUA durante a Guerra Fria. Chávez também está percorrendo vários países da América Latina, fazendo críticas frequentes a Bush.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que a viagem de Bush mostra seu desespero em conquistar amigos numa região que vem escolhendo vários presidentes antiamericanos, como Chávez, Ortega e o boliviano Evo Morales.
"É uma viagem barata, produto do desespero e da derrota das suas políticas internacionais e do imperialismo", disse Maduro na Jamaica.
O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, acusou os jornalistas de transformarem a viagem de Bush em uma luta dele contra Chávez, ao invés de se dedicarem apenas à agenda de Bush. "Não colocamos ninguém mais na nossa bagagem", afirmou.
Esta é a primeira visita de um presidente dos EUA à Guatemala desde 1999, quando Bill Clinton qualificou de errada a ajuda dada por Washington à repressão militar na América Central.
A Guatemala deve pedir a Bush que dê helicópteros, sistemas de navegação e outros recursos para combater os narcotraficantes que vêem se infiltrando na polícia e matando políticos e autoridades.
O relatório anual do Departamento de Estado dos EUA sobre direitos humanos, divulgado na semana passada, destaca a corrupção e a impunidade nas forças guatemaltecas, citando queixas de sequestros, estupros e homicídios supostamente cometidos por policiais em 2006.
(Reportagem adicional de Steve Holland, Frank Jack Daniel e Mica Rosenberg na Guatemala)
Reuters