O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou hoje da abertura da reunião de chefes de Estado da Cúpula África-América do Sul e pediu apoio para garantir a ampliação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Lula afirmou que a reforma da ONU é vital para fazer frente aos novos desafios.
"Precisamos adaptar as instituições aos nossos tempos. O Conselho de Segurança reflete uma ordem internacional que não existe mais. Sua ampliação, com novos assentos permanentes e não-permanentes, para países em desenvolvimento, é a chave para torná-lo mais legítimo e democrático", afirmou.
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Falando em seguida, o presidente da Líbia, Muamar Khadafi, ressaltou a importância do encontro e também enfatizou a necessidade de se reformar o Conselho de Segurança da ONU. "É hora de acelerarmos o passo e vencer desafios, deixando de ser apenas fornecedores de matérias primas e nos tornarmos industrializados", disse o líder líbio, que fez questão de demonstrar apoio ao presidente Hugo Chavez, da Venezuela, que não foi à cúpula por causa da proximidade das eleições em seu país, no próximo domingo.
Antes da cúpula, Lula e Khadafi tomaram café da manhã juntos, quando puderam discutir as relações bilaterais. Tanto Kadhafi quanto Lula exigiram vagas permanentes para os países em desenvolvimento no Conselho de Segurança da ONU. Muamar Kadhafi pediu o direito de veto no Conselho de Segurança. "Porque sem nós, não existe ONU", disse.
Kadhafi defendeu do "direito a uma vaga permanente no Conselho de Segurança também para a África", para países como Índia na Ásia e para a União Européia, com o objetivo de alcançar um "equilíbrio" mundial.
O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, que até as eleições ocupava o cargo de Secretário Especial para Assuntos Internacionais, acompanhou a reunião e disse que os assuntos giraram sobre as visões que ambos têm, de promover a integração regional em seus continentes, bem como o aumento do comércio entre os dois países. "A parceria com a Líbia deve aumentar, com maior participação de construtoras brasileiras em obras líbias e novas operações da Petrobras", contou Garcia.
No campo econômico, Lula disse que o investimento na produção de biocombustíveis, como biodiesel, h-bio e álcool, pode ser a chave para o desenvolvimento africano. "Esses combustíveis têm um enorme potencial para realizar uma verdadeira revolução agrícola e energética em nossos continentes, pois diversificam a matriz energética, criam abundantes empregos, mantêm a população no campo e favorecem o comércio exterior".
O presidente enfatizou a importância do encontro, que reúne pela primeira vez lideranças de ambos os continentes. "Esta cúpula abre um novo capítulo na história das relações sul-sul. Duas regiões em desenvolvimento se reúnem por vontade política própria, sem intermediários. Se queremos outra globalização, menos desigual, mais solidária, precisamos construir parcerias estratégicas que atendam os países mais pobres".
Ao concluir seu discurso, Lula falou de improviso e conclamou os líderes africanos e sul-americanos a buscar união. "Não existe saída para nossos problemas políticos, econômicos e sociais se continuarmos a agir sozinhos. A saída é coletiva, vinculada a programas estratégicos. Caso contrário, nós vamos terminar o século 21 da mesma forma como terminamos o século 20".
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Agência Brasil