Iraque retoma julgamento com interrogatório de meio-irmão de Saddam

O Tribunal Especial Iraquiano iniciou nesta quarta-feira uma nova audiência do julgamento contra o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e sete altos funcionários de seu regime, acusados de envolvimento no massacre de 148 xiitas em 1982.

A sessão de hoje teve início com o interrogatório de Barzan Ibrahim, meio-irmão do ex-ditador e ex-chefe da inteligência durante o regime de Saddam, que durou cerca de três horas.

Após o testemunho de Ibrahim, o juiz que preside o processo, Raouf Abdel Rahman, ordenou um intervalo de meia hora. Saddam deve testemunhas após o intervalo.

Questionado por Rahman e pela promotoria, que apresentou dezenas de documentos da agência de inteligência Mukhabarat sobre o massacre, Ibrahim negou sua participação na ação.

Ibrahim afirmou que os documentos apresentados eram “falsos” e que as assinaturas contidas neles eram “forjadas”. “Não é verdade. É forjado. Todos nós sabemos que falsificações acontecem”, afirmou à corte.

Processo

Esta é a 17ª sessão do processo iniciado em 19 de outubro contra Saddam e sete altos funcionários de seu regime.

A responsabilidade de Ibrahim, ex-chefe dos serviços secretos e ex-assessor presidencial, foi citada por testemunhas do massacre dos 148 xiitas na cidade de Dujail, ao norte de Bagdá, ocorrido após uma suposta tentativa de assassinato contra Saddam em 1982.

Ibrahim tem criticado insistentemente o tribunal, e nas últimas sessões do julgamento, discutiu verbalmente com o juiz várias vezes.

Na última sessão, o chefe do Tribunal Revolucionário durante o governo de Saddam, Awad Bandar, defendeu a condenação à morte e a ação em Dujail, dizendo ao tribunal que ordenou a execução dos 148 xiitas “de acordo com provas concretas e segundo suas confissões”.

O atentado contra Saddam –do qual o líder escapou ileso– teria sido preparado pelo partido xiita Dawa.

Folha Online