O governo do Iraque lançou uma investigação para descobrir como os guardas responsáveis pela execução de Saddam Hussein filmaram clandestinamente seu enforcamento, informou a agência de notícias Reuters nesta terça-feira. O vídeo da execução transformou a morte do ditador em um espetáculo televisivo que vem inflamando a violência sectária no país.
O governo vai investigar também os responsáveis pelas provocações e a violência verbal e física contra Saddam nos momentos que antecederam seu enforcamento.
Reuters
A execução, que gerou protestos e manifestações violentas em várias partes do Iraque, está sendo apontada como um ato de vingança xiita contra o regime sunita que dominou o país de 1979 a 2003.
A rápida execução aumentou a frágil autoridade de Maliki entre seus apoiadores xiitas, mas desagradou os sunitas.
O momento escolhido para o enforcamento foi motivo de irritação e protestos, já que sábado foi o primeiro dia do feriado sagrado de Eid al Adha.
Execução apressada
Os Estados Unidos tentam agora fazer com que os xiitas não afastem os sunitas do poder no país. Oficiais em Washington estão irritados também com a influência de radicais xiitas como o clérigo Moqtada al Sadr sobre o governo do premiê Nouri al Maliki.
De acordo com um alto oficial iraquiano, o embaixador dos Estados Unidos no Iraque chegou a tentar persuadir o xiita Al Maliki a não executar Saddam Hussein apenas quatro dias depois de sua apelação ter sido rejeitada.
O embaixador teria pedido a Al Maliki que esperasse ao menos duas semanas antes da execução. Seus pedidos, no entanto, teriam sido ignorados, e Saddam foi executado nas primeiras horas da manhã do último sábado (30 de dezembro).
Folha Online