O presidente do governo socialista da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, considera que o atentado cometido pelo ETA no último sábado (30) em Madri acabou com o processo de paz com a organização separatista armada basca, afirma o jornal "El País", ligado ao governo.
"Zapatero já dá por liquidado o processo de final dialogado do terrorismo após o atentado do ETA", destaca o "El País", que cita fontes governamentais.
Na noite do atentado com carro-bomba no aeroporto de Barajas, em decorrência do qual ainda prosseguem as buscas por dois equatorianos desaparecidos, provavelmente mortos, Rodríguez Zapatero falou de "suspensão" e não ruptura do processo iniciado depois do cessar-fogo permanente decretado pelo ETA em 22 de março.
O termo provocou fortes críticas da oposição conservadora, cujo líder, Mariano Rajoy, exigiu que Rodríguez Zapatero anunciasse formalmente a "ruptura" do processo e um combate ao ETA.
"Zapatero teve muito cuidado com sua expressão para deixar claro que a ruptura procedia dos terroristas e não do governo", comenta a edição desta terça-feira do "El País".
Tréguas rompidas
O jornal recorda que o ETA quebrou tréguas anteriores em 1989 e em 1999 por meio de comunicados e não de atentados.
"Se modificarem totalmente as circunstâncias no futuro, pode haver outro processo, mas não será este. Se baseará em uma nova resolução do Parlamento", declarou uma fonte governamental ao jornal.
Procurada pela France Presse, a Presidência do governo se recusou a fazer comentários.
Nesta terça-feira, secretário de comunicação do Partido Popular (PP), Gabriel Elorriaga, voltou à carga contra Zapatero.
"A atitude de Rodríguez Zapatero é um erro absoluto", declarou. "Tudo continua igual", acrescentou, antes de afirmar que Rodríguez Zapatero "pretende manter o convite à negociação" com a organização separatista armada basca.
Folha Online