O comandante supremo da Otan para a Europa, general James L. Jones, pediu hoje 2.500 efetivos para o sul do Afeganistão e disse que grande parte dessas forças poderia ser enviada se os países suspendessem as restrições sobre a mobilidade de suas tropas.
O general americano disse que a Otan está trabalhando "duro" para obter contribuições na conferência sobre recrutamento de forças da qual os representantes militares dos países da organização participam desde terça-feira no quartel-general militar em Mons, a sudeste de Bruxelas.
Em seu último encontro com a imprensa antes de se aposentar, em 7 de dezembro, Jones afirmou que ainda faltam 15% dos efetivos que as nações se comprometeram a fornecer para a expansão da Força Internacional de Assistência à Segurança no Afeganistão (Isaf) ao sul do país.
"Não é uma quantidade enorme, aproximadamente 2.500 efetivos", afirmou. O general ressaltou, porém, que o essencial é "eliminar as restrições" geográficas ou para determinadas missões que pesam sobre a maioria das forças no Afeganistão.
"Se pudéssemos suspender as restrições sobre as forças de resposta rápida no Afeganistão, que têm o tamanho de uma companhia, equivaleria a ter um batalhão de infantaria a mais (cerca de mil efetivos)", afirmou.
Espanha, Portugal e Noruega contam com companhias deste tipo respectivamente no oeste, em Cabul e no norte do país.
As forças portuguesas já deram apoio às tropas canadenses e britânicas no sul em setembro passado durante a "Operação Medusa" que enfrentou uma ofensiva sem precedentes dos talibãs na província de Kandahar.
Os 690 espanhóis destacados no oeste e os 2.700 alemães no norte, no entanto, precisariam da aprovação de seus respectivos Parlamentos para se deslocarem, e os dois países deixaram claro que não têm intenção de mudar o mandato de sua missão.
Diante dos intensos combates dos últimos meses no sul do Afeganistão, EUA e Otan pressionaram os aliados para que dêem mais flexibilidade a suas forças, o que permitiria empregá-las onde for necessário.
Jones disse que a Otan pediu aos países-membros que reformulem estas limitações, que somam 50 no total, e afirmou que nos últimos dias foram feitos "progressos".
"Tivemos um sucesso parcial com alguns países que suspenderam as restrições e com outros continuamos trabalhando", disse.
No entanto, Jones afirmou que "é uma decisão soberana das nações utilizar suas forças como lhes pareça melhor, e a respeitamos".
O chefe máximo militar da Otan disse que terá uma imagem mais clara da situação até a cúpula de Riga, nos dias 28 e 29 de novembro, na qual a Otan reafirmará que "o Afeganistão é sua prioridade número um".
A tarefa das 37 nações participantes da Isaf, cuja missão – sob o comando da ONU – é estender a influência do Governo legítimo e contribuir com a reconstrução e a estabilidade do Afeganistão, "não será concluída da noite para o dia e não é apenas um problema militar", advertiu Jones.
"Devemos prestar atenção ao nível de violência, mas os talibãs são apenas um dos fatores em alguns setores, e o que deve nos preocupar é o crime e o narcotráfico", explicou.
Segundo Jones, a comunidade internacional enfrenta no Afeganistão um "desafio de coesão" entre os esforços de ajuda humanitária, reconstrução e desenvolvimento, do Governo de Hamid Karzai e das forças de segurança afegãs, da Otan e da "Operação Liberdade Duradoura", dirigida pelos EUA.
O general opinou, no entanto, que "o país se movimenta na direção correta" e ressaltou o sucesso de sua reunião na semana passada em Bruxelas com o chefe do Estado-Maior do Exército paquistanês, Ehsan Ul Haq, que se comprometeu a colaborar com a Isaf para controlar o fluxo de combatentes talibãs na fronteira com o Afeganistão.
EFE