Um ataque a bomba ocorrido perto de um mercado de animais em Ghazil, no centro de Bagdá, matou 15 pessoas e feriu outras 35 nesta sexta-feira, informou a polícia local.
A explosão ocorreu às 10h (5h de Brasília), uma hora antes do início da proibição do tráfego de veículos na capital, que visa proteger as mesquitas às sextas-feiras, dia sagrado muçulmano.
Segundo fontes da polícia, a bomba foi deixada em uma caixa que parecia conter pássaros. Papagaios, canários e outras aves são as principais atrações do mercado.
Iraquiano observa poça de sangue em local de ataque que matou 15
Ontem, ataques a bomba mataram ao menos 34 pessoas em Bagdá. Na segunda-feira (22), em um dos piores ataques recentes na capital, 88 morreram em um mercado em Bab al Sharji.
Em 1º de dezembro, também uma sexta-feira, um carro-bomba matou três pessoas no mercado de Ghazil, que atrai curiosos de toda a cidade, onde as opções de entretenimento são raras.
Após uma onda de ataques a bomba nos últimos dias, forças de segurança estão em alerta, enquanto xiitas se preparam para marcar os dez dias do ritual de Ashura, na segunda-feira (29).
Milhares de peregrinos devem se aglomerar na cidade sagrada de Kerbala, ao sul de Bagdá, para cerimônias que eram banidas durante o regime do ex-ditador sunita Saddam Hussein.
Ontem, o premiê iraquiano, Nouri al Maliki, disse ao Parlamento que não haverá "local seguro" para os grupos armados que agem ilegalmente no Iraque, ligados a qualquer grupo sectário.
"Não haverá local seguro, nenhuma escola, casa ou mesquita (…). Todos serão capturados se estiverem voltados para o terrorismo, até mesmo sem sedes de partidos políticos", afirmou.
Milícias
Criticado por não fazer o suficiente para deter a ação das milícias xiitas, Al Maliki prometeu combater os grupos armados, ligados a qualquer partido político.
Os EUA identificaram o Exército de Mahdi, grupo armado leal ao clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, como a pior "ameaça" à segurança no Iraque. Segundo os EUA, o sucesso do plano de segurança de Maliki depende do combate tanto às milícias xiitas quanto aos insurgentes sunitas.
O premiê, que depende do apoio do partido político ligado a Al Sadr no Parlamento, vem sendo acusado de falhar no combate ao Exército de Mahdi, mas membros da aliança xiita do qual Maliki faz parte dizem que ele está agora determinado a tomar providências.
Desde que Maliki anunciou seu plano de segurança para deter a ação de grupos ilegais armados, no início deste mês, uma onda de explosões atingiu Bagdá e dezenas de corpos foram encontrados nas ruas da capital, aparentemente vítimas de esquadrões da morte.
Na quarta-feira (24), 33 corpos foram achados. Hoje a polícia encontrou mais sete corpos.
Governo instável
No Iraque, segundo relatório recente da ONU, os confrontos entre xiitas e sunitas causaram, em 2006, a morte de mais de 34 mil civis e deixaram outros 36 mil feridos.
Nesta quinta-feira o vice-presidente do Iraque, Adel Abdul Mahdi, afirmou durante discurso no Fórum Econômico Mundial que o Iraque precisa de um governo mais eficiente e com maior capacidade de ação para combater a violência sectária que atravessa o país e restaurar a paz.
Mahdi, que participa dos debates realizados em Davos até o dia 28, ressaltou também que a situação de violência que o país atravessa "era evitável. O Iraque cometeu muitos erros e os Estados Unidos, também".
Posteriormente, Mahdi descartou a possibilidade de colocar o Iraque sob o controle da ONU, já que ressaltou que o país "dispõe das instituições para seguir adiante" e que recorrer à organização internacional "seria como voltar à situação de 2003".
"Vítima"
O vice-presidente do Iraque afirmou também que o país é vítima de sua região e que isso impede em parte a estabilidade.
Ele insistiu em que a maior parte das Províncias do país vive em situação estável e pacífica e que é Bagdá, com 6 milhões de habitantes, o centro dos ataques entre milícias sunitas e xiitas.
Sobre a decisão do presidente americano, George W. Bush, de enviar mais 21.500 mil soldados ao Iraque para ajudar na segurança, Mahdi considerou que "são as forças internacionais que decidirão se precisam de mais tropas ou não".
Folha Online