O ex-premiê malaio Mahathir Mohamad (1981-2003) chamou nesta segunda-feira as ações no Iraque do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e do premiê britânico, Tony Blair, de "crimes de guerra", classificando-as como piores que as levadas a cabo pelo ditador iraquiano Saddam Hussein.
Mohamad afirmou que os dois líderes deveriam ser julgados por suas ações e lembrados como "assassinos de crianças e mentirosos". As declarações do ex-premiê foram feitas na abertura de uma conferência sobre crimes de guerra, que visa a organizar um tribunal internacional independente reconhecido pelas vítimas de agressões para julgar líderes e governos de nações agressoras.
Mohamad disse que Blair "não seria enforcado se o tribunal o considerasse culpado, mas deveria levar o rótulo de criminoso de guerra, assassino de crianças e mentiroso", assim como Bush e "o pequeno Bush das florestas australianas", como se referiu ao primeiro-ministro da Austrália, John Howard.
Já que o mundo dificilmente será capaz de fazer com que esses líderes sejam qualificados de "criminosos de guerra", essa iniciativa poderia ser realizada por ONGs e a imprensa comprometida, que fariam referência a eles sempre com esse aposto, disse Mohamad, citado pela agência de notícias Bernama.
"Teriam que ter sua foto de frente e de perfil em todos os lugares como criminosos de guerra, e se deveria fazer referência a eles como criminosos de guerra nos livros de história", disse o ex-primeiro-ministro da Malásia.
"Os que recorrem às guerras em função de sua ideologia ou agenda política são criminosos comuns e deveriam ser etiquetados e punidos como tais", enfatizou.
Mohamad, considerado um dos mais mordazes críticos da política externa das potências do Ocidente, advertiu há meses que as guerras travadas pelos EUA no Iraque e no Afeganistão estão levando a humanidade a um "conflito mundial".
Folha Online