Um avião AC-130 da força aérea dos EUA realizou um segundo ataque contra supostos alvos da Al Qaeda no sul da Somália, informou o jornal "Washington Post".
Não houve confirmação oficial da ação, que teria sido lançada na segunda-feira (22). O Pentágono se recusou a comentar as informações.
Segundo o "Post", ainda não há informações a respeito dos resultados ou alvos específicos da ofensiva aérea americana.
Há duas semanas, aviões militares dos EUA atacaram locais onde supostos membros da Al Qaeda estariam sendo abrigados por membros da União das Cortes Islâmicas (UCI) expulsos recentemente da capital Mogadício por soldados etíopes e somalis.
EUA usaram avião AC-130 (como o da foto) para lançar ataque contra Al Qaeda na Somália
Foi a primeira ação militar dos EUA contra a Somália desde 1994, quando uma missão de paz enviada ao país africano fracassou. O porta-voz do governo somali, Abdirahman Dinari, disse que não possui informações a respeito de um segundo ataque.
Os EUA dizem acreditar que a UCI fornece abrigo a membros da Al Qaeda acusados pelos ataques a bomba contra as Embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998.
Uma intervenção prolongada dos EUA na Somália pode acirrar os ânimos no país, onde os islâmicos vêem a "guerra contra o terror" americana como uma cruzada contra o islã.
De acordo com o "Post", um jornalista freelancer relatou ter visto tropas americanas realizando uma operação terrestre ao lado de soldados etíopes em busca de islâmicos fugitivos no sul do país. A Etiópia nega com veemência que conte com a colaboração de tropas dos EUA.
Rumores de os EUA realizem operações terrestres na Somália desde 8 de janeiro cresceram nos últimos dias, mas não houve confirmação oficial da presença americana no solo.
Morteiros foram lançados contra o aeroporto de Mogadício nesta quarta-feira, matando uma pessoa e ferindo outras, depois que uma delegação da ONU aterrissou na capital somali.
"Uma equipe da ONU acabou de chegar e, assim que deixaram o avião, dois morteiros foram lançados contra o aeroporto", afirmou uma fonte aeroportuária ao "Post".
Tropas etíopes
O premiê da Etiópia, Meles Zenawi , disse ontem que cerca de 200 soldados etíopes foram retirados da Somália. "A retirada completa deve coincidir com a chegada das forças da União Africana (UA)", afirmou Zenawi durante coletiva em Addis Ababa. "Não haverá vácuo".
A UA aprovou o envio de cerca de 8.000 homens de uma força de paz para a Somália, mas especialistas questionam a capacidade de tal efetivo controlar a segurança do país.
Em 24 de dezembro, a Etiópia lançou uma ofensiva por terra e por ar para atacar os grupos islâmicos na Somália, que tinham ocupado Mogadício em junho passado e estavam se estendendo pelo resto do país. A ofensiva conseguiu expulsar as Cortes Islâmicas da capital e de áreas do centro e do sul do país que ocupavam.
Diplomatas temem que os extremistas islâmicos, sem obter sucesso nos confrontos tradicionais, passem a recorrer a táticas de guerrilha para atingir o governo cristão da Etiópia, criando o que considerariam um conflito "religioso". Cerca de 40% dos etíopes são cristãos.
A Somália vive instabilidade política desde 1991, quando os "senhores da guerra" depuseram o ditador Siad Barre.
Folha Online