Um quarto de século depois do aparecimento da Aids, a pandemia continua progredindo a um ritmo de 11.000 novos contágios por dia e cerca de três milhões de mortos ao ano.
O Dia Mundial de Luta contra a Aids, que será celebrado nesta sexta-feira, 1º de dezembro, é essencialmente destinado a chamar a atenção para a proporção que a doença ainda tem e multiplicar os esforços para deter sua progressão.
Atualmente há no mundo cerca de 39,5 milhões de soropositivos ou doentes de Aids, dos quais aproximadamente 25 milhões se encontram na África negra, segundo estimativas publicadas na semana passada pela agência OnuAids.
A Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida), que já matou mais de 25 milhões de pessoas desde sua detecção, em 1981, continua causando estragos, especialmente na África subsaariana, onde as mulheres pagam um preço alto pela pandemia.
Outras vítimas freqüentemente esquecidas são as crianças, com mais de 2,3 milhões de casos, quase todos nos países pobres. A cada minuto, uma criança com menos de 15 anos se infecta com o vírus. A epidemia causa a morte de 500.000 menores ao ano, ou seja, uma criança a cada minuto.
Milhões delas também se tornam órfãos da Aids, que causa mais de 8.000 mortes por dia.
"Stop Aids – Mantenham a promessa", diz o slogan criado para a data, que convoca os dirigentes a terem mais responsabilidade com seus compromissos.
O objetivo fixado em 2003 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de tratar 3 milhões de doentes nos países pobres até o fim de 2005 para fazê-los sair do "corredor da morte" não foi alcançado, apesar de alguns progressos.
Nos países com baixos rendimentos, o número de pessoas que se beneficiam do coquetel anti-retroviral passou de 240.000, em 2001, para 1,3 milhão em 2005, longe do objetivo, já defasado com relação às necessidades: mais de 6 milhões de doentes precisam de triterapia de urgência para sobreviver.
Apesar disso, uma vez dado o impulso, o avanço se confirma: 1,6 milhão de doentes de países pobres seguiam esta terapia em junho passado, entre eles aproximadamente um milhão na África subsaariana, "ou seja, duas vezes mais que em dezembro de 2003", destacou a OnuAids.
"Mas 75% de pessoas que precisam dele não podem ter acesso ao tratamento, sobretudo na África subsaariana e na Ásia", advertiu a doutora Laura Ciaffi, da organização não-governamental Médicos sem Fronteiras (MSF).
"O programa da OMS Three by Five (que se comprometia a distribuir medicamentos a 3 milhões de pessoas em cinco anos) foi um fracasso, embora também tenha dado fôlego", avaliou Ciaffi, para quem permitiu "uma maior disponibilidade de recursos" e a implantação pela OMS de um protocolo simplificado, que facilita "o acesso à cura em simples postos".
"A resposta mundial contra a Aids se encontra em um momento chave", destacou a ONUAids. Se "não se intensifica de forma significativa, os países mais afetados não conseguirão" reduzir a pobreza, a fome e a mortalidade infantil como se comprometeram no ano 2000 com as Nações Unidas, alertou a agência em seu último relatório.
A idéia, lançada em junho passado durante uma conferência da ONU sobre um acesso universal do tratamento até 2010, parece impossível, segundo Chris Collins, representante do ITPC (International Treatment Preparedness Coalition), um grupo de militantes de 125 países.
"Ao ritmo atual, o mundo perderá o objetivo de acesso universal até esta data", declarou na terça-feira Collins, que afirmou que em 2010 cinco dos 9,8 milhões de doentes que precisarão de tratamento não terão acesso a ele.
AFP