
Nascido em Jerusalém, em 1939, ele se dedicou a uma extensa produção literária, que inclui romances, ensaios e críticas — Foto:Reprodução
O romancista israelense Amos Oz morreu de câncer aos 79 anos, confirmou sua filha nesta sexta-feira. “Para aqueles que o amam, obrigada”, escreveu Fania Oz-Salzberger no Twitter.
Como escritor e ativista político, era um dos intelectuais israelenses mais renomados, e era um dos principais escritores contemporâneos, sempre cotado para o Nobel de Literatura. Nascido em Jerusalém, em 1939, ele se dedicou a uma extensa produção literária, que inclui romances, ensaios e críticas.
Entre suas obras estão “Rimas da vida e da morte”, “Meu Michel”, “Mais de uma luz”, “Como curar um fanático”, “Uma certa paz” e “Pantera no porão”. Elas foram traduzidas em mais de 40 línguas.
De uns anos para cá, vinha se dedicando menos aos romances e mais aos ensaios e às palestras. Foi por eles que esteve no Brasil pela última vez em 2017 – uma de suas muitas visitas ao país, para participar do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento. Na ocasião, ele aproveitou para lançar “Mais de uma luz”, (Companhia das Letras), que reúne três ensaios, dos quais o que abre o livro, “Caro fanático”, é uma versão revista, reeditada e ampliada de “Como curar um fanático”.
– Estamos testemunhando uma crescente polarização e radicalização. Mais e mais pessoas tendem ao extremismo. A maior parte à direita, às vezes à esquerda, às vezes a um profundo extremismo religioso – disse ele à época, ao GLOBO. – Muitas pessoas buscam respostas simples, de uma sentença, que cubram amplamente tudo o que se está perguntando. E são sempre os extremistas, os fanáticos e os radicais que têm as respostas mais simples. Eles têm o tipo de resposta que cobre todas as perguntas do mundo.
Militante do diálogo entre palestinos e israelenses, ele foi fundador e porta-voz do movimento Peace Now (Paz Agora). E defendia uma receita prática para acabar com o conflito entre os dois países:
– Dividir uma pequena casa em duas ainda menores, Israel ao lado da Palestina, como vizinhos. Primeiro, israelenses e palestinos terão que aprender a dizer “bom dia” e parar de atirar uns nos outros. Depois, eles terão que desenvolver o hábito de se visitar para tomar café e conversar. Eventualmente, eles deverão fazer o almoço juntos, o que significa dividir a economia. No futuro, quem sabe, um mercado comum. O primeiro passo deve ser um divórcio justo. Duas famílias, dois países vizinhos e em bases iguais, soberanos e mutuamente reconhecidos.