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Erradicar malária é como primeira caminhada na Lua, diz Bono

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O cantor e ativista Bono disse neste sábado que a idéia de erradicar a principal causa de mortes na África na próxima década é tão excitante quanto assistir Neil Armstrong dar seu primeiro passo na Lua.

O líder da banda irlandesa U2 — que está na metade de uma excursão por seis nações africanas — foi inspirado pelo uso de nova tecnologia em uma fábrica de uma família na Tanzânia que produz redes que irão repelir mosquitos, o inseto que transmite a malária.

“É a razão mais excitante que ouvi para sair da cama de manhã. Isso está mudando o mundo”, disse Bono após um passeio pela A to Z Textile Mills.

A empresa se uniu ao Sumitomo Chemical do Japão para se tornar a primeira fábrica na África a usar a nova tecnologia que faz redes de longa duração tratadas com inseticida.

A malária atinge entre 300 milhões e 500 milhões de pessoas por ano. Um milhão dos que ficam doentes morrem, principalmente crianças e bebês. Das mortes, mais de 80 por cento acontecem na África e mais da metade delas poderia ser evitada se os mosquiteiros nas camas fossem disponibilizados para as famílias, de acordo com especialistas.

A demanda por redes contra mosquitos originada por grupos de combate à Aids, Unicef e pelo Fundo Global de Luta contra Aids, Turbeculose e Malária excede a oferta mundial, sugerindo uma expansão na A to Z que irá ampliar a capacidade para 15 milhões por ano, ante 6 milhões.

Bono, que é um dos maiores defensores da África no mundo, disse que o sucesso da A to Z também é um bom sinal para um continente que luta por melhores condições econômicas.

“Há duas coisas se unindo aqui para mim que são idéias gigantes”, disse ele. “Uma é que o fim da malária está no horizonte e a segunda coisa é você ver a África respondendo à China na indústria.”

“Vocês estão vendo o início de uma luta contra a dominação chinesa no setor de tecidos e o engraçado é que isso é resultado do aumento da luta contra a malária.”

Muitas fábricas africanas de tecidos e roupas foram forçadas a reduzir empregados ou fechar devido à crescente competição dos produtos mais baratos da China e o fim do Acordo Multi Fiber no ano passado que deveria proteger os países em desenvolvimento.

Anuj Shah, diretor-executivo da A to Z, concorda com o comentário do roqueiro sobre a China, observando que se a África quiser se tornar competitiva em relação à Ásia, deverá usar o algodão cultivado localmente para produzir seus tecidos e vestuários, reduzindo custos. “A maioria dessas empresas que tem estado na África chegaram com máquinas de costura e compraram tecidos da China, Vietnã e Índia e você não pode competir com isso”, disse Shah. “Você precisa começar verticalmente.”

Ele disse que empregar e treinar pessoas na África não é um problema, mas vender seus produtos em grandes mercados como os EUA e a Europa é mais difícil.

“Da minha perspectiva, o lado do marketing me assusta e se eu conseguisse alguns parceiros mais fortes nos EUA que se preocupassem com o marketing, eu poderia ampliar para uma maior capacidade.”

Richard Feachem, que preside o Fundo Global de Luta contra Aids, Tuberculoe e Malária, com sede em Genebra, e que está viajando com Bono, disse que o fundo tem compromisso para comprar cerca de 110 milhões de redes no mundo todo, tornando-o o maior distribuidor mundial.

“Nossa política é que nós compraremos todas as redes de longa duração que qualquer um puder produzir, isso é tecnologia preferencial”, disse ele.


Reuters

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