O embaixador dos Estados Unidos na Venezuela, William Brownfield, foi agredido nesta sexta-feira por um grupo de pessoas que atiraram ovos e frutas contra o carro em que ele estava, informou Salomé Hernández, adido de imprensa da embaixada.
A situação tensa foi criada quando o embaixador chegou ao estádio Andrés Miranda, no bairro de Coche, para fazer uma doação a uma equipe infantil de beisebol. Um suposto funcionário da prefeitura o impediu de entrar no local, alegando que ele não tinha permissão.
Quando o embaixador entrou novamente no carro, foi alvo de ovos e frutas, contou Salomé. Os manifestantes gritavam: “Fora, gringo! Fora, golpista! Fora, lixo!”, segundo imagens exibidas pelo canal Globovisión. “Pessoas em motocicletas perseguiram o carro do embaixador por 15 ou 20 minutos”, acrescentou a adido.
Em declarações à imprensa, o embaixador Brownfield convidou os manifestantes ao diálogo. “Aceito o direito ao protesto e à manifestação em qualquer parte da Venezuela. O que não aceito é a violência, o seqüestro, e que um grupo de pessoas me diga com quem devo me encontrar”, disse. “Tomara que no futuro esses grupos estejam dispostos a dialogar comigo.”
Nos últimos meses, grupos de simpatizantes do presidente Hugo Chávez protestaram contra a presença de Brownfield enquanto ele visitava os Estados ocidentais de Guárico, onde foi cercado por horas em um prédio, Yaracuy, e na turística ilha de Margarita.
A agressão provocou uma severa reação de Washington, que advertiu para as “graves conseqüências diplomáticas” caso um incidente deste tipo volte a ocorrer.
O subsecretário americano de Estado, Nicholas Burns, telefonou para o embaixador venezuelano em Washington, Bernardo Alvarez, para afirmar que “esta foi uma tentativa patrocinada pelo governo [Chávez] para intimidar Brownfield e a embaixada americana”, informou Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado.
“Deixamos claro que não seremos intimidados”, ressaltou o porta-voz.
As relações entre Estados Unidos e Venezuela são tensas, com Chávez atacando sistematicamente o presidente George W. Bush, a quem acusa de ter apoiado um golpe de Estado para derrubá-lo, e o governo americano qualificando Chávez de ameaça à estabilidade da região.
Apesar dos atritos, a Venezuela é o quarto fornecedor de petróleo dos Estados Unidos, com 1,5 milhão de barris diários.
