Em seu primeiro dia de trabalho, os novos líderes democratas do Congresso americano pediram ao presidente George W. Bush que não envie mais tropas para o Iraque.
Em uma carta ao presidente, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, e a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, afirmaram que o aumento das tropas no Iraque levaria as Forças Armadas americanas ao seu limite, sem ganhos estratégicos.
Em vez do aumento das tropas, os líderes democratas pediram uma retirada gradual dentro de quatro a seis meses. Pediram também uma mudança na principal missão americana no Iraque, que passaria a ser de treinamento, logística e contraterrorismo.
Um dia depois de assumirem o controle do Congresso – após 12 anos de supremacia republicana -, os democratas aumentam a pressão sobre Bush, que deve anunciar nos próximos dias a nova estratégia dos Estados Unidos para o Iraque.
Acredita-se que essa estratégia deverá incluir o envio de até 20 mil novos soldados para Bagdá e arredores, com o objetivo de desarmar milícias que agem na região.
Segundo Justin Webb, correspondente da BBC em Washington, esse movimento agressivo dos democratas prepara o palco para uma batalha política.
Webb afirma que Bush não pode ser impedido de mandar mais tropas para o Iraque, mas poderá pagar um alto preço político caso o envio das forças ocorra em meio a forte oposição do Congresso.
Mudanças de comando
Nesta sexta-feira, já foram anunciadas mudanças no setor de inteligência e no comando militar dos Estados Unidos no Iraque.
O secretário de Defesa, Robert Gates, confirmou informações anteriores da imprensa de que estaria recomendando mudanças no alto comando militar dos Estados Unidos no Iraque.
O almirante William Fallon vai substituir o general John Abizaid como chefe do Comando Central para o Iraque e o Afeganistão.
O general David Petraeus foi indicado para substituir o general George Casey no comando das operações iraquianas.
Também nesta sexta-feira foi anunciada a indicação do almirante da reserva Michael McConnell para o cargo de diretor nacional de Inteligência.
McConnell foi apontado para o lugar de John Negroponte no comando das 16 agências americanas de inteligência.
Negroponte vai assumir como subsecretário de Estado, um cargo que estava vago desde julho de 2006.
A próxima mudança esperada no governo americano é a indicação do embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, como embaixador dos Estados Unidos na ONU, em substituição a John Bolton.
O embaixador americano no Paquistão, Ryan Crocker, deverá substituir Khalilzad no Iraque.
Bush afirma que precisa ainda fazer algumas consultas antes de definir a nova estratégia americana no Iraque.
A esperada mudança de estratégia ocorre depois da derrota do partido Republicano, de Bush, nas eleições parlamentares de novembro e de críticas feitas pelo Grupo de Estudos do Iraque, uma comissão bipartidária que disse que a guerra americana não está dando resultado.
BBC Brasil