Os advogados da defesa de Saddam Hussein pediram nesta quarta-feira ao tribunal que julga o ex-ditador e sete de seus ex-colaboradores que abra uma ação legal contra uma das testemunhas da acusação, por ter apresentado um ‘falso testemunho’.
O juiz que preside o julgamento, o curdo Raouf Abdel Rahman, decidiu suspender a audiência de hoje para consultar outros juízes sobre a decisão a tomar.
A defesa fez o pedido depois que Rahman permitiu a apresentação na sessão–a 31ª desde o início do processo, que teve início em outubro– do conteúdo de duas gravações.
Saddam e seus ex-colaboradores são acusados de participação na execução de 148 xiitas iraquianos em 1983, após um julgamento sumário. Na ocasião, os xiitas foram considerados culpados de uma tentativa de assassinar Saddam, em 1982, em Dujail, ao norte de Bagdá.
Em uma das gravações apresentados pela defesa, uma testemunha da acusação afirma perante o tribunal que Saddam não foi alvo de tentativa de assassinato em Dujail. O outro mostra imagens da mesma pessoa participando do fracassado atentado contra o então presidente.
Os advogados pediram que a testemunha seja julgada por “falso testemunho”, e a suspensão do julgamento contra os oito acusados até que todos os outros testemunhos “sejam verificados”.
Estratégia
A acusação faz parte de uma nova estratégia da defesa para atacar as bases do julgamento, alegando que as provas produzidas até então seriam falsas. A defesa está agora na quarta semana para apresentar testemunhas e evidências.
O advogado de defesa Mohammed Munib argumentou nesta quarta-feira que as duas bases do julgamento –testemunhas e apresentação de documentos que comprovariam o massacre– foram derrubadas por uma testemunha da defesa.
Nesta terça-feira, uma testemunha afirmou que 23 dos 148 xiitas que teriam sido assassinados por Saddam estariam vivos em Dujail. O juiz ordenou uma investigação a respeito.
Segundo Munib, o processo deveria ser revisto. “A corte deve reabrir as investigações [do caso em Dujail] e reconvocar todas as testemunhas de acusação”, disse Munib. “O que nós vimos afetou as evidências sobre as quais a promotoria se baseia”.
da Folha Online
