A reunião internacional sobre a indústria do atum, realizada no Japão, terminou hoje com a adoção do primeiro plano internacional para evitar a exploração excessiva deste peixe, uma das espécies com maior demanda, embora seriamente ameaçada pela pesca predatória.
O plano de ação tem como objetivo melhorar a coordenação e a troca de informação entre os cinco organismos regionais encarregados da conservação do atum, cujas jurisdições abrangem quase todos os mares do mundo.
A criação de um programa harmônico para a supervisão do comércio desse peixe, o registro compartilhado das capturas, um controle eletrônico que permita o acompanhamento dos atuns e mais transparência no estabelecimento das cotas pesqueiras são algumas das medidas mais importantes tomadas na reunião.
Segundo a agência japonesa "Kyodo", os participantes da reunião de Kobe (Japão) ficaram satisfeitos após terem chegado a um acordo melhor do que esperavam, apesar de reconhecerem que é apenas o primeiro passo em uma tarefa difícil, mas que precisa ser enfrentada a partir de agora.
No entanto, os grupos ambientalistas, que participaram como observadores, se mostraram mais pessimistas com o resultado do encontro. Eles defendiam medidas mais concretas para evitar que espécies marinhas ameaçadas fossem pescadas acidentalmente.
Como foi antecipado na quinta-feira, os organismos regionais encarregados da conservação do atum concordaram em criar um sistema de inspeção internacional em alto mar e estabelecer sanções para combater a pesca ilegal.
Além disso, será colocado em prática um sistema unificado para avaliar a efetividade dos próprios organismos em sua luta contra as irregularidades do setor, como foi proposto por Japão, Austrália e Estados Unidos.
Da mesma forma, os participantes estabeleceram que devem ser aumentados os recursos para ajudar os países litorâneos que tenham poucos meios de combater a pesca ilegal.
No entanto, as divergências ficaram visíveis quando alguns países em desenvolvimento demonstraram dúvidas sobre tomar decisões mais radicais que envolvessem a redução do número de capturas globais, como foi sugerido pelo Japão e por Taiwan.
Segundo esses países que se opuseram à medida, isto feriria o direito soberano destes Estados de usar o atum como recurso para impulsionar suas economias.
Participaram da reunião cerca de 300 pessoas de países como Estados Unidos, Espanha e Japão, assim como um observador da Organização para a Agricultura e a Alimentação das Nações Unidas (FAO).
Na agenda do encontro não estava previsto o debate sobre a redução das capturas mundiais do peixe ameaçado nem o estabelecimento de novas cotas.
A próxima cúpula ocorrerá em 2009. A União Européia (UE) já demonstrou interesse em receber a conferência. Até então, os cinco organismos regionais encarregados da conservação do atum prevêem a realização de novos encontros, sendo que o próximo deve ocorrer já no início de 2008.
Na ocasião, serão avaliadas as ações colocadas em prática durante este ano e deverão ser estabelecidas reuniões de trabalho para elaborar uma lista comum na qual se distingam as embarcações ilegais das registradas.
Espécies como o atum vermelho e o atum do Atlântico são atualmente submetidas a uma pesca excessiva devido à forte demanda em nível mundial.
O atum vermelho é uma espécie muito apreciada no Japão, utilizada na elaboração de pratos típicos como o sushi e o sashimi. Na Europa e nos Estados Unidos, a demanda pelo peixe aumentou devido a suas propriedades benéficas à saúde.
Segundo dados da FAO, Japão, Taiwan, Espanha e México foram os países que registraram o maior número de capturas de atum em 2004, quando o número total passou de 2 milhões de toneladas.
O Japão, maior consumidor mundial de atum, é o único país que faz parte das cinco comissões internacionais para a conservação desta espécie.
EFE