O Primeiro Congresso Budista Mundial aberto nesta quinta-feira (13) na cidade de Hangzhou e o Primeiro Festival do Confucionismo, que será realizado em breve, parecem mostrar a importância para Pequim da contribuição espiritual à proclamada busca da “sociedade harmônica”.
A presença de Jia Qinglin, presidente do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo da China, na abertura do Congresso Budista provou que a liderança comunista buscará apoio no budismo e em outras religiões para sua meta de prosperidade e paz.
“Construir um mundo harmonioso requer o esforço conjunto de povos e nações e um papel ativo de civilizações e religiões”, disse Jia.
Nas vésperas da viagem do presidente Hu Jintao aos EUA, onde o presidente George W.Bush pode voltar a lembrar a importância da espiritualidade para o ser humano, Pequim parece acreditar que o fórum projetará uma imagem pacífica da China que não represente ameaça alguma.
Sob o lema “Um mundo harmonioso começa na mente e no coração”, mil monges e analistas de 30 regiões (Hong Kong, Macau, Taiwan, Coréia do Sul e Japão, entre outras) analisarão até 16 de abril no Monte Putuo, uma das quatro montanhas sagradas chinesas, como alcançar a meta estabelecida por Hu.
Unidade budista, cooperação, valores comuns com a cultura tradicional, responsabilidades sociais e esforços pacíficos rumo a uma sociedade e um mundo prósperos e harmônicos estão entre os principais temas da agenda do encontro.
Embora desde 1949 a liderança chinesa veja com grande receio as práticas espirituais, alguns analistas destacaram hoje um leve avanço depois de décadas em que a religião era considerada “o ópio do povo”.
Quanto ao Festival do Confucionismo, que será realizado de 10 de julho a 20 de agosto, estudantes e especialistas em Confúcio, chineses e estrangeiros, se reunirão em Qufu, cidade natal do filósofo, segundo informou Liu Xubing, subdiretor do Escritório Municipal de Turismo.
Centrado no pensamento de Confúcio, o Festival incluirá discursos e lições pronunciados nos lugares onde o filósofo ensinou sua doutrina a seus 72 discípulos há 2.000 anos.
Caligrafia, pintura em tinta chinesa, fabricação de selos, culinária, medicina tradicional e artes marciais serão as doutrinas que permitirão aos alunos alcançar simbolicamente “a maturidade”.
Além disso, serão ensinados os valores centrais do confucionismo: cortesia, lealdade e benevolência, proclamados pelos reis feudais e suas elites como escola ortodoxa de pensamento.
A Administração Estatal de Assuntos Religiosos da China reconhece mais de cem milhões de praticantes e 85 mil lugares de culto, sendo que 20 mil deles são templos budistas com 200 mil monges.
O reconhecimento oficial do cristianismo e do catolicismo parece mais complicado, já que Pequim o considera dirigido do exterior, o que atenta contra a legitimidade do controle feito pelo Partido Comunista da China, segundo analistas chineses.
Além disso, embora o Vaticano tenha nomeado recentemente um cardeal chinês e se mostre disposto a suspender suas relações diplomáticas com Taiwan (é o único Estado europeu que as mantém), não parece que cederá à exigência que os bispos sejam nomeados por Pequim.
No ressurgimento religioso na China também podem ser encontrados fatores como o materialismo excessivo, o descontentamento social com a divisão de classes e a incerteza sobre o futuro da ideologia governante.
O vice-presidente da Associação China de Cultura Religiosa, Qi Xiaofei, afirmou à televisão pública “CCTV” que o Governo não prefere o budismo a outras religiões, porque todas contribuíram para a civilização humana.
“No entanto, com seus 20 séculos de história na China, o budismo é mais próximo às tradições e a valorização da harmonia pela cultura chinesa é muito similar aos conceitos budistas”, explicou.
EFE
China destaca importância da religião em uma sociedade harmônica
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