Os fundadores da Igreja Renascer em Cristo Estevam Hernandes Filho e Sônia Haddad Moraes Hernandes alegaram inocência em sua primeira audiência na Justiça americana, em Miami. Ontem, um júri popular ("grand jury") formalizou o indiciamento do casal pelas acusações de contrabando de divisas, conspiração e declaração falsa à alfândega americana.
Na Justiça americana, essa sessão preliminar com o júri popular é um procedimento equivalente ao juiz aceitar ou não denúncia do Ministério Público, no Brasil. O juiz responsável pelo caso questiona um júri formado por 25 pessoas se há elementos que possibilitam a existência de um crime, após ouvir as partes envolvidas na acusação.
Na audiência de hoje, além da leitura das acusações contra o casal, detido nos EUA desde o início de janeiro, foi também nomeado o juiz responsável pelo caso, Federico A. Moreno. Ainda não há data marcada para o julgamento do casal. Cada acusação tem penalidade máxima de cinco anos.
Os Hernandes foram detidos no aeroporto de Miami, no dia 8 de janeiro, por terem declarado incorretamente à alfândega norte-americana que não carregavam mais de US$ 10 mil cada. O casal portava, entretanto, US$ 56 mil em espécie.
Eles ficaram em um presídio federal em Miami e na Imigração, mas saíram sob liberdade condicional. Eles estão impedidos de deixar a Flórida até o julgamento do processo que corre contra eles nos Estados Unidos.
Contrabando de divisas
Nos EUA, Estevam e Sônia foram denunciados por declaração falsa à alfândega americana e contrabando de divisas. No documento de acusação, os jurados americanos consideram que Estevam e Sônia "deliberadamente" e "intencionalmente" "conspiraram" e "se aliaram" para ocultar os dólares que superavam os US$ 21 mil declarados à alfândega em artigos de bagagem e outros compartimentos.
Tanto Sônia quanto Estevam foram acusados em cinco itens três por declaração falsa à alfândega, um por contrabando de divisas e outro por conspiração com penalidade máxima de cinco anos de detenção cada uma.
A defesa do casal da Renascer sustenta que houve somente um equívoco na declaração de valores à alfândega americana e que Sônia e Estevam passam por um constrangimento "injusto e absurdo".
Brasil
No Brasil, Sônia e Estevam são acusados de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato. (Saiba quais são as acusações contra os fundadores da Igreja Renascer)
Reportagem publicada pela Folha no dia 25 de outubro informava que um ex-funcionário da Renascer, que se identificou como "J", disse que o dinheiro arrecadado entre os fiéis era usado para pagar funcionários de empresas dos Hernandes. Assim, sobravam mais recursos para que as empresas do grupo comprassem bens.
Numa outra denúncia, o Ministério Público de São Paulo acusou os Hernandes e o bispo primaz Jorge Luiz Bruno de falsidade ideológica. Eles teriam montado uma igreja "laranja", chamada Internacional Renovação Evangélica, para livrar a Renascer de processos.
Segundo a denúncia, a igreja Internacional Renovação Evangélica, criada em 2004 por Jorge Luiz Bruno, não existe fisicamente. No endereço indicado na ata de fundação rua Maria Carlota, 879, na zona leste de São Paulo funciona um templo da Renascer.
Folha Online