A Venezuela negou na sexta-feira que vá ajudar a financiar uma reforma agrária que deve distribuir milhões de hectares a camponeses e indígenas na Bolívia, como afirmou recentemente o governo de Evo Morales.
Mas Caracas esclareceu que está dando assessoria a La Paz sobre a reforma, cujo objetivo é distribuir 5 milhões de hectares numa primeira etapa, para depois atingir 20 milhões de hectares, quase um quinto do território boliviano.
“Mantivermos conversações com o ministro do Desenvolvimento Agrário, os vice-ministros, informamos (à Bolívia) do que fizemos aqui e explicamos os aspectos fundamentais da Lei das Terras”, disse o ministro de Agricultura e Terras da Venezuela, Elías Jaua, a jornalistas.
Ele explicou que os acordos bilaterais firmados até agora não contemplam “nenhum compromisso financeiro”, e sim uma assessoria técnica temporária para o desenvolvimento agropecuário.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, tornou-se um forte aliado da Bolívia desde que Evo Morales assumiu o governo, em janeiro. Ele já enviou ajuda para programas sociais e para a nacionalização das reservas de gás e petróleo, decretada há um mês por Morales.
O ministro de Desenvolvimento Rural da Bolívia, Hugo Salvatierra, disse neste mês que a Venezuela emprestaria 100 milhões de dólares para um plano de divisão de terras, que incluiria terras improdutivas e ocupadas ilegalmente.
A maior parte da verba iria para projetos de ajuda às comunidades indígenas e camponesas, que se somariam a outras ajudas da comunidade internacional para acelerar a concessão de títulos de propriedade, afirmou Salvatierra na época.
Mas Jaua disse que, nas visitas a Caracas, seu colega boliviano solicitou informações sobre a política agrária venezuelana. “Mais do que assessoria, houve um intercâmbio de experiências.”
Na reforma agrária de Chávez, a Venezuela expropriou mais de 1 milhão de hectares, dos quais metade agora são produtivos, segundo Jaua. A meta até o final do ano é chegar a 1,5 milhão de hectares recuperados.
O governo venezuelano confiscou pelo menos 20 fazendas graças a uma lei que permite a reforma agrária em terras improdutivas e de posse duvidosa.
Quatro propriedades da empresa britânica de carnes Vestey Group estavam entre as propriedades avaliadas pelo governo. A Aglofora, unidade local da Vestey, fez um acordo com o governo pelo qual cedeu parte das terras cuja posse havia comprovado.
Jaua disse que haverá um cadastro nacional para delimitar as propriedades e aplicar um imposto previsto na Lei das Terras sobre as ociosas.
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Caracas apóia a reforma agrária da Bolívia, mas sem dinheiro
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