O presidente George W. Bush apresentou nesta segunda-feira um orçamento de US$ 2,9 trilhões ao Congresso liderado pelos democratas. A proposta inclui um amplo aumento em gastos militares e bilhões de dólares extras para o Iraque e o Afeganistão.
Amplamente baseada na guerra ao terrorismo, a proposta prevê a destinação de US$ 235 bi para os dois conflitos nos próximos dois anos US$ 100 bi em 2007 e US$ 135 bi em 2008.
Se o Congresso, de maioria democrata, aprovar esse orçamento, os Estados Unidos terão gastado US$ 745 bilhões no financiamento de ações bélicas desde os atentados de 11 de setembro de 2001 contra as torres gêmeas, em Nova York.
"Estamos em guerra, e nossa primeira prioridade é assegurarmos que nossas tropas tenham os recursos necessários", diz o documento.
No orçamento, Bush propõe equilibrar as contas até 2012, limitando drasticamente o aumento de gastos excluindo os da defesa e aumentando as reduções de impostos, muito criticadas pelos democratas, depois de 2010.
A proposta prevê ainda a redução de gastos em programas de saúde pública e previdência social, para economizar US$ 96 milhões em cinco anos. Em 2007, o déficit será de US$ 244 bilhões [contra US$ 248 bilhões em 2006], antes de baixar para US$ 239 bilhões em 2008.
O objetivo seria deixar para 2012 um excedente de US$ 61 milhões no orçamento.
Os democratas, que são maioria no Congresso desde janeiro, se opõem à guerra no Iraque.
Mas se não aprovarem os gastos das tropas de ocupação, ficarão expostos às críticas dos republicanos e a reações negativas da opinião pública.
O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, disse na sexta-feira que seu partido "aspira a que os soldados americanos obtenham tudo o que precisam para sua missão". Mas também advertiu que sua bancada "submeterá este coletivo ao controle severo e exaustivo que deveria ter sido aplicado durante quatro anos", período no qual os republicanos foram a maioria do Congresso.
Ofensiva
A proposta de novo orçamento foi apresentada por Bush no momento em que as forças de segurança iraquianas se preparam para lançar uma ampla ofensiva em Bagdá.
A operação de segurança é a terceira tentativa de pacificar a capital desde que o premiê iraquiano, Nouri al Maliki, assumiu o cargo, em maio de 2006.
Cerca de mil pessoas morreram no Iraque durante atentados com bombas, ataques a tiros e confrontos no Iraque durante a semana passada (de domingo a sábado), informou o Ministério iraquiano do Interior. Neste domingo, segundo outro comunicado, 22 pessoas morreram em ataques em bairros sunitas de Bagdá.
As mil vítimas estimadas incluem civis e membros das forças de segurança iraquianas, além de integrantes de milícias e grupos terroristas. Os dados foram recolhidos em um trabalho conjunto feito pelos Ministérios do Interior, da Saúde e da Defesa.
Caminhão-bomba
A estimativa foi divulgada um dia após a pior ação desde o início do conflito, em 2003. Neste sábado, a explosão de um caminhão-bomba em um mercado lotado de Bagdá matou 135 pessoas e feriu mais de 300.
O atentado suicida, que destruiu lojas e carros, ocorreu em Sedriya, região onde vivem sunitas, xiitas e curdos.
Al Maliki, culpou partidários do ex-ditador Saddam Hussein e insurgentes sunitas pela ação.
A comunidade internacional reagiu com indignação ao novo massacre ocorrido no sábado. A presidência da União Européia (UE), ocupada temporariamente pela Alemanha, se declarou neste domingo "profundamente comovida", enquanto os Estados Unidos enfatizaram que "uma nova atrocidade atingiu em Bagdá a gente inocente do Iraque". A chanceler Angela Merkel, que se encontra de visita no Oriente Médio, acompanha de perto a situação.
Ataques
Ao menos 27 pessoas morreram nessa segunda-feira em explosões e ataques com morteiros no Iraque.
Uma bomba deixada em uma lata de lixo matou oito pessoas a feriu outras 18 em uma região do centro de Bagdá, pouco depois do meio-dia (7h de Brasília), segundo a polícia. Dois carros-bomba explodiram no sul da cidade, matando ao menos 15 pessoas e ferindo 60.
Duas pessoas morreram na capital quando um morteiro atingiu uma área do centro de Bagdá. Uma explosão em uma região cristã matou outros dois e feriu dez, segundo a polícia.
Supostos membros da milícia xiita também queimaram três casas no distrito sunita de Al Amil, a sudoeste de Bagdá. Não houve registro de vítimas.
O Exército dos EUA relatou duas mortes de soldados americanos, ambas no domingo
Folha Online