O Batasuna, o ilegal braço político da ETA, apresentou hoje uma comissão integrada por 6 pessoas para participar do processo de paz no País Basco aberto após o cessar-fogo anunciado em março pela organização terrorista.
Esta “comissão negociadora” nasce com a idéia de participar da futura mesa de partidos que será criada no País Basco para abordar questões políticas em paralelo às negociações de paz que serão realizadas entre o Governo e a direção do grupo armado.
Os integrantes da comissão são Arnaldo Otegi, Rufi Etxeberría e Olatz Dañobeitia, em representação das províncias bascas de Guipúzcoa e Vizcaya; Elena Urabayen e Arantxa Santesteban, pela região de Navarra; e Xabi Larralde, pelo País Basco francês.
Na apresentação da comissão à imprensa, Otegi afirmou que “este é um momento de extrema gravidade”, após a decisão da ETA de cessar suas ações violentas em 24 de março, e denunciou que há uma campanha contra o Batasuna.
Apesar de o presidente do Governo, José Luis Rodríguez Zapatero, ter anunciado no fim de semana sua vontade de iniciar um diálogo com a ETA após verificar que o cessar-fogo é real, Otegi denunciou que Madri não quer criar a mesa de diálogo político.
“Intensificar uma estratégia contra Batasuna (…) dificulta a implementação do diálogo político e, sem diálogo político, sem mesa de resolução, simplesmente não há processo”, advertiu Otegi.
O dirigente do Batasuna disse que se quer “dar a entender que este é um processo técnico no qual o presidente do Governo espanhol é quem dita as condições, os conteúdos e as datas”, e no qual não se busca um processo de “superação do conflito”, mas de “pacificação entre aspas”.
Otegi considerou um absurdo que o Governo central “se sente com a ETA”, mas os representantes do Partido Socialista no País Basco “se neguem a dialogar com o Batasuna”. O dirigente lembrou que é preciso buscar o primeiro acordo “já nos próximos meses”.
Em resposta a Otegi, o ministro do Interior Alfredo Pérez Rubalcaba advertiu o Batasuna de que, fora da Lei de Partidos Políticos, “não há nada a ser feito” ao abordar um possível processo de paz.
“Já sabem minha tese em relação ao Batasuna. O Batasuna sabe o que tem que fazer porque está no Diário Oficial do Estado: há uma coisa que se chama Lei de Partidos e esse é o marco. E nesse marco se pode atuar na democracia, fora desse marco não há nada a ser feito”, ressaltou o ministro do Interior.
Pérez Rubalcaba também se referiu a uma eventual reunião do Pacto Antiterrorista na qual o Governo informará ao conservador Partido Popular sobre a verificação do cessar-fogo da ETA, mas não precisou uma data.
Zapatero tinha assegurado previamente que a convocação da comissão de acompanhamento do Pacto Antiterrorista ficava nas mãos do ministro do Interior.
Esta reunião é importante, porque precederá o comparecimento do chefe do Executivo perante o Congresso para pedir autorização para abrir de maneira oficial o processo de diálogo com a ETA.
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Braço político da ETA apresenta comissão para negociar a paz
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