A cidade onde, segundo a tradição cristã, nasceu Jesus, vai passar mais um Natal cercada. A barreira israelense para separar a Cisjordânia do território de Israel ainda não está totalmente pronta, mas muros com cerca de 15 metros de altura já isolam a maior parte de Belém.
A entrada dos peregrinos na cidade não chega a ser muito complicada, mas exige a passagem por bloqueios do Exército.
Para os palestinos, costuma ser bem mais difícil – ou mesmo proibido pelas autoridades de Israel – entrar na cidade.
Embora Belém seja uma cidade segura, as constantes notícias sobre violência envolvendo israelenses e palestinos também contribuem para afastar muitos visitantes.
“O turismo é a base da economia de Belém, e o baixo número de turistas tem um impacto negativo muito sério aqui”, diz a presidente da ONG Belém Aberta (que combate a barreira que está sendo contruída por Israel), Leila Sansoura.
Peregrinos
Apesar das dificuldades, milhares de peregrinos ainda vêm à cidade nesta época de Natal, principalmente para visitar a Igreja da Natividade, onde há uma capelinha com uma estrela dourada no chão representando o ponto exato onde nasceu Jesus.
Não há estimativas de visitantes para este ano, mas o Ministério do Turismo e Antiguidades da Autoridade Palestina estima que no ano passado Belém recebeu cerca de 200 mil visitantes, sendo cerca de 10 mil na época das festas de fim de ano.
O contador gaúcho Carlos Reis disse que veio para a região “com o objetivo que conhecer os fundamentos de nossa religião católica”.
Reis diz que não sentiu medo ou ameaça em nenhum momento da viagem até agora.
“Tanto em Jerusalém quanto aqui em Belém eu me sinto seguro. Ando para todo lado e não vejo nenhum problema”, disse.
Segurança
Belém fica numa região árabe e tem a população dividida mais ou menos ao meio entre cristãos e muçulmanos e, portanto, militantes palestinos nunca realizam ataques na cidade.
Em 2002, o Exército de Israel fez um longo e violento cerco à Igreja da Natividade para tentar capturar militantes palestinos que buscaram refúgio dentro do templo. Mas apesar deste evento, amplamente divulgado na mídia, ações militares israelenses são bem mais raras na cidade do que em outras áreas ocupadas.
O ministro palestino do Turismo diz que mais visitantes indo à cidade podem ser inclusive um incentivo à paz na região.
“Visitar Belém significa demonstrar apoio à paz e solidariedade aos palestinos. Queremos que as pessoas venham não só para conhecer nossos pontos turísticos e históricos, mas também para conhecer nosso povo”, diz ele.
BBC Brasil