Gemayel foi morto a tiros na terça-feira após o comboio em que viajava ter sido atingido por um homem armado em Sin El-Fil, região cristã situada ao sul da capital, Beirute.
Nesta quarta-feira, os libaneses estão observando o primeiro dos três dias de luto oficial decretados após o assassinato.
Muitos temem o retorno da guerra civil entre muçulmanos e cristãos, que deixou dezenas de milhares de mortos entre 1975 e 1989.
O assassinato de Gemayel reacendeu o temor por parecer ter sido realizado com o objetivo de inflamar as tensões sectárias em um momento no qual o Líbano já vivia uma profunda crise política.
Síria
De um lado estão os adversários da Síria, o país que dominou o Líbano por duas décadas até ser forçado a retirar suas tropas do país, no ano passado, por conta da reação ao assassinato do ex-premiê Rafik al-Hariri, também cristão e anti-Síria.
O grupo anti-Síria inclui ainda o primeiro-ministro pró-Ocidente Fouad Siniora.
Do outro lado estão os aliados da Síria, liderados pela milícia islâmica Hezbollah, cuja influência foi reforçada com a avaliação de que o grupo se saiu vitorioso no conflito com Israel.
O grupo anti-Síria acusa o governo em Damasco de estar por trás do assassinato de Gemayel, o que os sírios negam. O ministro foi o sexto político anti-Síria assassinado nos últimos dois anos.
Tribunal internacional
O pai e o tio de Pierre Gemayel foram presidentes do Líbano
A morte de Gemayel, membro de uma dinastia que inclui dois presidentes libaneses, um deles assassinado em 1982, ocorreu no mesmo dia em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou planos para estabelecer um tribunal internacional para julgar os acusados de assassinar o ex-premiê Hariri, em fevereiro de 2005.
Um relatório preliminar de uma investigação conduzida pela ONU concluiu que membros dos governos sírio e libanês estariam envolvidos no assassinato de Hariri.
A Síria nega também responsabilidade pelo crime de 2005.
Renúncia
Gemayel estava entre os membros do gabinete libanês que haviam aprovado na semana passada os planos da ONU para o tribunal internacional.
Seis ministros pró-Síria, entre eles dois membros do Hezbollah, renunciaram antes da votação, aumentando a tensão política no país.
Líderes mundiais condenaram o assassinato de Gemayel, e o Conselho de Segurança da ONU criticou as tentativas de desestabilizar o país.
Falando a simpatizantes políticos que se concentraram em frente ao hospital para onde Gemayel foi levado após ser alvejado por tiros, seu pai, o ex-presidente Amin Gemayel, chamou seu filho de “mártir”, mas pediu calma na reação à sua morte.
“Não queremos reações nem vinganças”, disse.
Manifestações
O governo deslocou tropas do Exército para as ruas de Beirute para evitar distúrbios. Pneus foram queimados no bairro cristão de Ashrafiyeh.
Manifestantes anti-Síria também fizeram uma passeata e bloquearam ruas na cidade cristã de Zahle, no leste do Líbano.
O primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, disse que o assassinato não aterrorizará o Líbano. “Não deixaremos os assassinos criminosos controlarem nosso destino”, disse.
O Hezbollah condenou o crime e disse que ele é uma tentativa de desestabilizar o país. O grupo pediu uma investigação sobre o assassinato.
O governo do Irã também condenou o assassinato e disse que ele foi um ataque proferido por “inimigos do Líbano”.
BBC Brasil