A América Latina não vai conseguir a meta estabelecida pela ONU para reduzir pela metade o número de pessoas afetadas pela pobreza na região até 2015 se mantiver o ritmo atual, avisou nesta quinta-feira em Santiago o novo representante regional da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva.
“Se não fizermos um esforço maior, não vamos conseguir alcançar as Metas do Milênio, como a África”, advertiu o representante.
As Metas do Milênio foram fixadas pela ONU em 2000 para reduzir pela metade a pobreza no mundo dentro de um prazo de 15 anos.
Segundo números da FAO, somente o Chile avançou no combate à fome e à pobreza, num continente onde 213 milhões de pessoas (40,6% da população) são afetadas por esses problemas.
“Todos os números colocam a América Latina como a campeã das desigualdades”, lamentou o brasileiro, para quem “é preciso aprovar, e manter, compromissos políticos” para reverter esse quadro.
Na opinião de Graziano, que participou ativamente da campanha “Fome Zero” impulsionada no Brasil pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a fome e a pobreza na América Latina não podem ser atribuídas à escassez, mas à distribuição desigual dos recursos.
“A questão da fome e da pobreza extrema na América Latina está vinculada ao problema da distribuição das riquezas e da terra”, considerou.
Porém, é também o resultado da precariedade de trabalho decorrente de problemas como a falta de educação, acrescentou.
Por isso, os governos latino-americanos têm de aplicar medidas que transcendam suas próprias administrações para elaborar juntos programas estruturais que garantam direitos alimentares a seus cidadãos, afirmou Graziano.
Em todo o caso, o brasileiro avisou que a solução para a fome e a pobreza na América Latina não chegará tão cedo. “Essa meta exige ações a longo prazo”, afirmou.
A pobreza e a fome serão os principais temas discutidos pela FAO em sua próxima reunião bianual em Caracas, entre os dias 24 e 28 de abril, à qual assistirão representantes dos 33 países membros dessa organização na região.
O objetivo do encontro, onde também serão analizados temas sanitários como a pandemia da gripe aviária, é divulgar as metas que a FAO tem para a região, entre as quais: “América Latina sem fome até 2025”.
Nesta perspectiva, a conferência de Caracas servirá de plataforma para lançar ações contra fome no Haiti.
O trabalho na América Central será focalizado em países como Nicarágua ou El Salvador, devastados recentemente por catástrofes naturais, enquanto que na América do Sul os esforços serão concentrados no Peru, na Bolívia, no Paraguai e no Equador.
AFP
América Latina não vai conseguir alcançar as metas para reduzir a pobr
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