O Movimento Esgotei realiza uma ação contra a poluição das praias, neste sábado (11), a partir das 7h, no Busto de Tamandaré, em João Pessoa. A mobilização fará uma lavagem simbólica do Largo de Tambaú e, por isso, os integrantes do movimento pedem que as pessoas levem baldes, vassoura, água e participem vestidas de preto. O anúncio foi feito por integrantes do movimento durante o programa Arapuan Verdade desta sexta-feira (10), como acompanhou o ClickPB.
“Queremos que a cidade cresça com sustentabilidade”, enfatizou o consultor em educação internacional Marco Túlio Gusmão. Ele lembrou que a cidade vem crescendo, mas esse crescimento vem trazendo resultados negativos. A fauna e a flora morrendo, e a gente adoecendo, se deparando com cocô boiando, e isso vem dos esgotos clandestinos. Hoje empreendimentos foram multados por conta disso”, ressaltou.
O Movimento Esgotei foi criado há duas semanas por um grupo de amigos, mas Marco Túlio observa que é um movimento da sociedade porque a praia pertence a todos. Segundo ele, a mobilização conta com o apoio do Ministério Público de Cabedelo e de João Pessoa, e já aconteceram reuniões para discutir a situação.
Marco Túlio disse ainda que recebe todo o apoio que chegar. “Não temos radicalismo no movimento. Somos pessoas sociáveis. O que mais queremos é que a cidade cresça com sustentabilidade. Como ter um hotel e não ter um mar limpo à sua frente? Não tem como impedir o crescimento da cidade, mas tem que ter rede de esgoto. Nos anos 80, em Manaíra, era areia. Hoje são diversos empreendimentos. A cidade cresceu, mas por baixo tem que crescer para ter sustentabilidade. A hotelaria tem que estar conosco. Ou a cidade para hoje para resolver esse problema ou, se não, vai ser pior”, sentenciou.
Para ele, todos os trechos da orla de João Pessoa apresentam problemas impactantes, desde o Cabo Branco, Manaíra. Conforme destacou, o Hotel Verde Green tem emissário jogando esgoto. Ele citou o maceió do Bessa, onde o Rio Jaguaribe despeja poluição e esgoto. Além disso, observou que o Altiplano está crescendo e todo o esgoto gerado no bairro não deveria descer pela galeria pluvial. “Ali é pra descer água limpa, mas imagina o que vem descendo”.
Os integrantes do movimento afirmam que a necessidade dessa ação já existia, mas agora, com o Esgotei, há uma quantidade de pessoas querendo se somar ao projeto. Só no grupo de remo, são 165 pessoas, no de canoa havaiana, mais 100; no grupo de caiaque, são cerca de mil.
“Tem muita gente vestindo a camisa do movimento e todos que queiram chegar são bem-vindos, mas não vamos usar o movimento como bancada. Não temos apoio de ong, nem de político. Tudo que estamos fazendo é do nosso bolso, as camisas. Ninguém está brigando com o trade, com restaurante. Nós estamos pedindo socorro”, afirmou.
Saneamento básico não cresceu junto com a cidade
A arquiteta e urbanista Andréa Araújo “Vemos esse esgoto sendo jogado no mar de uma forma estranha. Pesquisas mostram que o saneamento básico não cresceu junto com a cidade”, afirmou.
A rede de esgoto, conforme observou Andréa Araújo, está saturada e não é suficiente para suportar onde tinha uma casa e hoje é um prédio com 50 apartamentos. “O bairro era de casas. Falta uma ampliação da rede de esgoto. Esse é o grande problema. Temos uma deficiência na infraestrutura”.
Ela também frisou que a ideia é que os turistas queiram vir para a cidade. “Queremos que os turistas venham, queremos receber as pessoas que vêm de fora. Antes eram águas limpas, hoje é mau cheiro. Não é só fezes, tem produto químico. Só queremos uma solução para ter água limpa, para que possamos chamar o turista. Queremos uma cidade desenvolvida e isso é melhor para todo mundo”, completou.
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