Segurar Muricy Ramalho. Esta é a prioridade do São Paulo depois da conquista hoje do título de campeão Brasileiro de 2006. O presidente Juvenal Juvêncio sabe que trocar de treinador é mau negócio. Quer evitar que, depois de cada torneio, o time seja dirigido por uma nova filosofia de jogo. Foi o que aconteceu quando Cuca, Emerson Leão e Paulo Autuori saíram e foram substituídos.
Perguntado se já falou com o técnico para fechar um novo compromisso, o dirigente respondeu que “está tudo andando”. Muricy confirmou que foi procurado por uma equipe do Japão, além da sondagem de times brasileiros. “O Juvenal não vai deixar o Muricy escapar”, diz um dos assessores do dirigente. Ainda nesta semana, a conversa de renovação será mais intensa.
Muricy é são-paulino, mora perto do estádio do Morumbi e se encaixa no modelo de trabalho do clube. “Ele é competente e sério”, diz o presidente tricolor. O treinador já vem participando de decisões para o ano que vem. Aprovou a contratação do lateral/ala Jadílson, do Goiás. No segundo semestre, deu o aval para o departamento médico antecipar cirurgias no equatoriano Reasco e no zagueiro Alex.
A estratégia é ter estes atletas prontos para a pré-temporada de 2007. Muricy avaliou que poderia manter o time jogando bem, mesmo ficando sem estes atletas. Reasco se recupera da operação que colocou uma haste de metal na tíbia. “Ele tinha uma fissura que poderia resultar numa fratura”, explica Marco Aurélio Cunha, médico e gerente de futebol. Alex já faz fisioterapia no tornozelo que tinha perdido estabilidade.
O que Juvenal Juvêncio mais gosta em Muricy Ramalho é a forma como encontrou soluções dentro do grupo de atletas. “Isso está dentro da competência”, afirmou hoje quando –ao lado de Muricy – deixava o CT da Barra Funda dentro do ônibus da delegação.
O presidente lembra como o ex-atacante do Tricolor soube fixar de vez Souza na ala direita, suprindo a ausência de Cicinho e dando tempo para Ilsinho corrigir alguns erros de fundamento. Além disso, quando ficou sem Aloísio e Ricardo Oliveira, criou alternativas com Leandro, Thiago e Alex Dias.
Em alguns jogos, Muricy Ramalho improvisou Richarlyson como volante e adaptou a equipe para ter Danilo (mais à frente, na esquerda) ou com Lenílson (mais pelo meio, vindo por trás). Estas mudanças mantiveram o time na liderança do Campeonato Brasileiro, mesmo depois da derrota para o Internacional (RS) na decisão da Copa Libertadores da América.
COPA DO MUNDO AJUDOU
Ao contrário do que aconteceu no ano passado, quando o São Paulo venceu o torneio sul-americano e perdeu partidas seguidas no Campeonato Brasileiro, a equipe se manteve no topo da classificação no segundo semestre. Segundo o fisiologista Turíbio Leite Barros, o principal motivo foi a intertemporada que os times tiveram durante a Copa do Mundo da Alemanha. “Foi possível preparar os jogadores. Eles chegaram no final do Brasileiro com ótima condição física”, disse
Jogar no esquema de Muricy Ramalho requer muita resistência. Na quarta-feira passada, os jogadores do Botafogo (RJ) sentiram de perto a marcação do São Paulo. “A gente não conseguia trocar passes lá na frente, no segundo tempo”, disse o volante Diguinho. O time carioca foi derrotado por 3 a 0 e quase não chutou em gol. No domingo, quatro dias depois, os tricolores imprimiram velocidade no estádio Serra Dourada e derrotaram o Goiás por 2 a 0. “Eles correram muito num calor de 34 graus”, lembra Marco Aurélio Cunha.
TÁTICA DO “BATE E VOLTA”
O São Paulo adotou de vez a política de “viagens bate e volta” nos jogos fora de casa onde a duração do vôo não passava de duas horas. A equipe viajou no mesmo dia das partidas contra Grêmio, Figueirense e Goiás. Evitou pressão da torcida adversária. Empatou em Porto Alegre e venceu em Florianópolis e Goiânia. Além disso, a comissão técnica decidiu levar o time para Santos somente no domingo de manhã. Funcionou outra vez, com uma vitória por 1 a 0.
Neste confronto, o clube usou a mídia para mandar um recado ao juiz Paulo César Oliveira. “O histórico de erros dele contra nós justificava”, afirmou Cunha. No final, o Santos saiu de seu estádio reclamando do árbitro. “Eles pressionaram o Paulo César”, disse o técnico Vanderlei Luxemburgo que reclamou de dois impedimentos anotados contra seu time.
SUBSTITUTOS E REFORÇOS EM 2007
O primeiro reforço garantido é o ala Jadílson, ex-Goiás. Ele chega amanhã a São Paulo e será apresentado na terça ao novo clube. O São Paulo também já está atrás dos substitutos para o zagueiro Fabão e o meia Danilo. Os dois jogadores vão jogar no Kashima Antlers, equipe comandada por Paulo Autuori. Até o meio de dezembro, o clube deve anunciar reforços. Hoje, no estádio do Morumbi, a ausência de Dagoberto na delegação do Atlético Paranaense aumentou o rumor de que o atacante estaria negociando com o Tricolor. Juvenal Juvêncio não confirmou nem desmentiu a informação.
O atacante Souza, artilheiro do Brasileiro, foi descartado pela diretoria são-paulina. O jogador pertence ao Marítimo de Funchal (Portugal) e o preço está acima do que o Tricolor quer pagar.
Outro garantido para o ano que vem é o goleiro reserva Bosco, que prorrogou contrato com o São Paulo até o final de 2007. Ele assinou o compromisso essa semana.
O clube vai dar férias ao grupo no dia 4 de dezembro. Os jogadores que forem eleitos na seleção do Brasileiro/2006, só jogam se quiserem, a partida organizada pela Rede Globo reunindo os melhores do ano.
O São Paulo ainda vai tentar mudar a tabela do Campeonato Paulista de 2007. Acha que o Palmeiras foi beneficiado. Quer jogar mais em casa nas seis primeiras rodadas.
Terra