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Mais curiosidades sobre Lampião, o “rei” do cangaço

Novas pesquisas sobre Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, cada vez mais separam a verdade dos mitos

As novas pesquisas sobre Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, cada vez mais separam a verdade dos mitos. Uma das realidades agora apurada é a de que Maria Bonita ainda estava viva, consciente – embora ferida com um tiro nas costas -, quando foi degolada pelo cabo Panta de Godoy, da polícia alagoana. Outra é que, o combate entre a volante de 48 soldados comandados pelo tenente João Bezerra e os 35 cangaceiros amoitados na Grota do Angicos (SE), não durou mais que 15 minutos. Os mitos falam em “horas de tiroteio”. Na realidade, polícia e cangaceiros não dispunham, no momento, de tanta munição.

Os cangaceiros, segundo testemunhas ainda vivas, foram surpreendidos dormindo, ao raiar do dia, com uma saraivada de tiros de fuzil Mauser e de duas metralhadoras da marca Hot-Kiss (beijo quente, em inglês) de fabricação americana. Lampião, um dos primeiros a morrer, nem teve tempo para piscar. Dos 35 acampados no grotão, 24 arribaram sob forte chuva de balas. A natureza também deu sua contribuição, fazendo cair um aguaceiro sobre o mato. Os que escaparam, não viam em que atirar. A maioria dos acoitados acreditava que o grotão era inexpugnável. A audácia da volante alagoana provocou uma surpresa tal, que a reação dos cangaceiros foi quase nenhuma.

A volante militar de Alagoas atravessou o São Francisco, desrespeitou as fronteiras de um Estado vizinho e manteve-se na caça a Virgolino, estimulada, também, por uma ambição: abocanhar os 50 Contos de Réis oferecidos como prêmio, pelo Governo da Bahia, para quem entregasse Lampião. Vivo ou morto. Esta quantia, a dinheiro de hoje, equivaleria a R$ 200 mil Reais, segundo informa o historiador Frederico Pernambucano de Mello.

Paralelamente, também corria a lenda de que Lampião e seu bando conduziam verdadeira fortuna em suas andanças. Verdade? Frederico de Mello afirma que, no momento em que foi morto, somente no chapéu, Lampião carregava 70 peças de ouro. Outros historiadores sustentam que o cadáver de Lampião foi encontrado com cinco quilos de ouro e uma quantia em dinheiro que, hoje, equivaleria a R$ 600 mil. Este era o famoso papo da ema, que consistia num maço de cédulas de contos de réis costuradas em uma espécie de gravata. Lampião trazia este milionário enfeite pendurado no pescoço, por baixo da roupa.

Os historiadores defendem a tese de que Lampião jamais seria apanhado, se a volante alagoana não tivesse recebido carta branca para agir no território de Sergipe, um Estado onde ele pouco atuou. Pedro Cândido, um coiteiro de Poço Redondo, que morava próximo da Grota de Angicos, teve as unhas dos pés e das mãos arrancadas à ponta de faca. Foi torturado pelo tenente Bezerra, para revelar o local onde Lampião se escondia.

A CIGANA DE PARICONHAS E A PREMONIÇÃO

Existem pessoas que querem dar foros de verdade a um caso que é contado como lenda. Diz-se que Lampião, quando jovem, honesto e trabalhador, encontrou uma cigana bonita e sorridente, na feira de Pariconhas. Virgolino deu-lhe a mão para ser lida. A vidente começou a tremer lábios e pálpebras e fez terrível revelação: “tenha cuidado com o número sete. Ele vai ser a sua perdição”. Até então, Virgolino trabalhava como almocreve do coronel Delmiro Gouveia, que, por coincidência, possuía nome e pré-nome com sete letras.

Querem mais coincidência? Delmiro foi assassinado a tiros, no dia 10 de outubro de 1917. Lampião morreu nas mesmas circunstâncias, na grota de Angicos, dedurado por um coiteiro de nome Cândido, no dia 28 de julho de 1938. Angicos e Cândido são nomes de sete letras. Vinte e oito, o dia da morte de lampião, é múltiplo de sete. Julho é o sétimo mês do ano. Mil novecentos e trinta e oito tem quatro algarismo que, somados, totalizam 21, múltiplo de sete. Também foi de 21 o número de anos de diferença entre as mortes de Delmiro e Lampião.

Mossoró, uma cidade de sete letras, foi invadida por Lampião às 17 horas da noite de 13 de junho de l927. A cidade estava em festa, promovida pelo Humaytá, uma instituição desportiva que possuía sete letras em sua denominação. Também tinha sete letras o nome do coronel Rodolfo, prefeito de Mossoró, que organizou a resistência contra o cangaceiro. Lampião, neste cerco, perdeu os cangaceiros Colchete e Jararaca e ficou com cinco homens seriamente feridos. Teve sete baixas.

Se, supersticioso como era, Lampião tivesse dado mais atenção às palavras da cigana de Pariconhas, notaria que, na realidade, o número sete tinha muito a ver com a sua vida. Lampião, capitão, cangaço, são exemplos de nomes que possuíam este número de letras. Ele conheceu Maria Bonita no interior da Bahia, em Santa Brígida. O nome da santa já não seria um aviso do destino? A metralhadora que ceifou a vida do cangaceiro era da marca Hot-Kiss, outro nome de sete letras funestas, ligado ao destino do cangaceiro.

Lampião entrou para o cangaço aos 24 anos. Cerrou fileiras no bando de Sinhô Pereira (será que Pereira não tem sete letras?), que abandonou a vida de bandoleiro e retirou-se para Goiás. Corisco, um dos cangaceiros de maior confiança de Lampião, morreu dois anos após o cerco de Angicos. Quantas letras tinha o nome de Corisco? Abrahão era um libanês que vivia em Juazeiro, ajudando padre Cícero. Foi ele quem, pela primeira vez, conseguiu a permissão de Lampião para fotografar o bando, em 1935. Abrahão é o sétimo patriarca da Bíblia. O nome do fotógrafo de Lampião também tinha sete letras.

Saiba mais – Antes de invadir Mossoró, Lampião enviou um bilhete ao prefeito e não obteve resposta. Mandou um segundo, nos seguintes termos: “Coronel Rodolpho, estando eu aqui pretendo é dinhero. Já foi um aviso, aí para os sinhoris, se por acauso rezolver mi mandar a importança qui aqui nos pedi. Eu envito de entrada ahí porém não vindo esta importança, eu entrarei, até ahí penço qui adeus querer eu entro e vai aver muito estrago, por isto si vir o dinhero eu não entro ahi, mas resposte logo. Ass. Capm Lampião.

Rodolfo Fernandes tinha 150 homens bem armados esperando Lampião. O recado veio. Dizia que a cidade tinha o dinheiro. Lampião que fosse buscar. Um dos homens de Rodolfo era o cabo Damião do Pilão, ex-cangaceiro, conhecedor profundo dos hábitos daqueles que ameaçavam Mossoró. Depois de ver as balas esfacelar a cabeça de Colchete e não poder evitar a prisão de Jararaca, Lampião ordenou a debandada. Jararaca, que era ex-militar e se chamava João leite de Santana, foi colocado ferido sobre uma mesa e submetido a um julgamento sumário. Os maiorais de Mossoró decidiram que ele deveria morrer. Levado para o cemitério local acabou enterrado vivo, após receber uma cutilada desferida por um soldado.


Hilton Gouvêa
(repórter especial Clickpb)

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