Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (1º), na sede do Sport Clube do Recife, o jogador Marcelinho Paraíba reafirmou sua inocência em relação à acusação de tentativa de estupro, alegando que só soube do que se tratava quando chegou à delegacia de Campina Grande. O jogador garante que conhecia a vítima apenas de vista. “Não tinha nenhum relacionamento com essa mulher, já tinha visto ela junto com ele [o irmão, o delegado Rodrigo Pinheiro], mas não tínhamos relacionamento nenhum”, disse.
Marcelinho participa da entrevista acompanhado do advogado, Afonso Villar, do executivo de futebol do Sport, Cícero Souza, e do diretor de futebol do clube, Wanderson Lacerda. “Primeiramente, queria pedir desculpas às crianças e à torcida do Sport. Essa acusação não procede. Que isso aí sirva de lição para mim e para outras pessoas também”, afirmou. O jogador pretende voltar a Campina Grande, independentemente desse ocorrido. “Eu amo minha cidade, minha família e não tenho por que não voltar”, disse.
“A contar de ontem, a Justiça paraibana tem 30 dias para concluir a investigação”, informou o advogado Afonso Villar.
Entenda o caso
Marcelinho Paraíba foi preso, na madrugada de quarta-feira (30), sob a acusação de tentativa de estupro, desacato à autoridade e resistência à prisão. Com outros amigos, ele participava de uma festa em Campina Grande (PB), terra natal do jogador, para comemorar a boa campanha do atleta na Série B deste ano. Ele marcou 12 gols pelo Sport e foi peça determinante para o acesso do clube à Série A.
Por volta das 4h30, Marcelinho teria tentado beijar uma mulher cuja identidade foi preservada. Ela é irmã de Rodrigo Rego Pinheiro, delegado de Polícia Civil. Os advogados do jogador confirmam a tentativa de beijo, mas disseram que o atleta não passou disto.
O irmão da vítima, no entanto, que foi quem chamou a polícia e formulou a acusação, diz que Marcelinho Paraíba passou para a agressão diante da recusa da mulher em beijá-lo. Ele teria puxado o cabelo dela e a mordido. O irmão diz ainda que ele tentou estuprá-la.
Preso em flagrante, o jogador foi levado à 2ª Superintendência Regional de Polícia Civil de Campina Grande, onde prestou depoimento. Como o crime de estupro é inafiançável, por volta das 12h30 ele foi levado à Penitenciária Padrão do Serrotão. Ele ficou numa cela comum de 20 metros quadrados, com outros sete presos de menor periculosidade (homens detidos por atraso no pagamento de pensão alimentícia).
O alvará de soltura foi assinado pelo juiz titular da 5ª Vara Criminal de Campina Grande, Paulo Sandro de Lacerda, perto das 17h30. Ao todo, o atleta ficou cerca de cinco horas detido.
Essa não é a primeira vez que Marcelinho Paraíba se envolve em polêmicas. Em janeiro de 2010, ele foi condenado a seis meses de prisão em regime semi-aberto, acusado de agredir um homem em uma casa de shows de Campina Grande, em junho de 2004. Tal como agora, o atleta estava em sua cidade natal, comemorando o final da temporada esportiva – na época, ele jogava no futebol europeu, cujo calendário termina no meio do ano.
Dois anos antes, em 2002, houve a primeira confusão grave: Marcelinho foi detido aparentemente bêbado, dirigindo em alta velocidade, na Alemanha. Depois, já como atacante do Wolfsburg, também no país europeu, ele foi acusado de se envolver em uma briga numa boate de Berlim, em que teria quebrado uma garrafa de cerveja no rosto de um cliente.