Estudos

Pesquisadores da UFPB e da Fiocruz desenvolvem método que pode prever áreas endêmicas de esporotricose felina

No estudo, foi identificado que cerca de um terço dos 202 gatos analisados mostraram reação sorológica contra o Sporothrix spp, agente da esporotricose

Pesquisadores da UFPB e da Fiocruz desenvolvem método que pode prever áreas endêmicas de esporotricose felina

O levantamento sorológico de esporotricose foi feito na cidade de Rolim de Moura, localizada em Rondônia, no Norte do Brasil. — Foto:Reprodução

Uma pesquisa do Grupo de Estudos de Doenças Transmissíveis a seres Humanos e Animais (GETHA) do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) conseguiu padronizar uma técnica que prevê áreas endêmicas de esporotricose felina em potencial. 

Confira o estudo na íntegra aqui.

O estudo de soroprevalência padronizou para gatos a técnica de Enzyme linked immunosorbent assay (ELISA) que, inicialmente, era apenas para humanos, o que acaba favorecendo a aplicação de medidas profiláticas, podendo antecipar o descobrimento de novas áreas endêmicas e auxiliar no controle dos casos.

O levantamento sorológico de esporotricose foi feito na cidade de Rolim de Moura, localizada em Rondônia, no Norte do Brasil. No estudo, foi identificado que cerca de um terço dos 202 gatos analisados mostraram reação sorológica contra o Sporothrix spp, agente da esporotricose, dado que pode auxiliar autoridades de saúde na aplicação de medidas de controle e prevenção para evitar o desenvolvimento da doença na região, tendo em vista que a infecção é transmitida também para humanos.

A pesquisadora responsável pelo estudo é a médica veterinária e discente do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal do Centro de Ciências Agrárias (CCA), Ividy Bison. A pesquisa foi orientada pelo professor da UFPB Arthur William de Lima Brasil e pela Profa. Rosely Maria Zancopé-Oliveira, vice-diretora de pesquisa do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI).

O estudo foi desenvolvido em conjunto com  Andrea Reis Bernardes-Engemann, Marcos de Abreu Almeida, Vanessa Brito de Souza Rabello, Mariana Lucy Mesquita Ramos, Sandro Antonio Pereira, Rodrigo Almeida-Paes e Rosely Maria Zancopé-Oliveira. 

O trabalho foi desenvolvido entre fevereiro e junho de 2019 no Laboratório de Micologia do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas e recebeu apoio da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FARPEJ).

Como explica a pesquisadora Ividy Bison, a esporotricose é uma zoonose endêmica em muitas regiões do Brasil, sendo os felinos domésticos as principais fontes de infecção no país. Porém, na região Norte a frequência de casos de esporotricose é baixa a quase nula, apesar do clima ser favorável ao crescimento do fungo e de alguns animais apresentarem sinais sugestivos da doença, não confirmados através do diagnóstico laboratorial. 

A hipótese trabalhada na pesquisa foi a de que muitos animais poderiam não desenvolver a doença clínica e aqueles que apresentavam sinais clínicos estavam sendo tratados para outras doenças de pele, que apresentam sinais muito semelhantes, como o carcinoma de células escamosas.   

Assim, o estudo foi realizado para avaliar, através da alta sensibilidade e especificidade do Ensaio Imunoenzimático (ELISA), se os animais haviam tido contato com o agente da esporotricose, pois mesmo que nos animais a esporotricose seja subclínica, estes podem vir a desenvolver a doença e transmitir a humanos e a outros animais. Segundo ela, a presença do fungo em áreas urbanas é um alerta que pode se tornar, em algum momento, um problema de saúde pública.

Durante a pesquisa, além dos exames, também foram feitos questionários epidemiológicos e georreferenciamento para a análise dos fatores de risco desses animais.

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