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Dólar dispara e fecha a R$ 6,26, maior cotação da história, de olho em pacote fiscal no Brasil e decisão de juros nos EUA

Às 16h10, o dólar subia 2,34%, cotado a R$ 6,2382. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,2557.

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Foto: Pixabay/Ilustrativa

O dólar fechou em forte alta nesta quarta-feira (18) e bateu mais um valor recorde de cotação: R$ 6,2672.

A moeda brasileira segue derretendo conforme pioraram as expectativas do mercado financeiro com o desenho do pacote de cortes de gastos enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional.

Na noite desta terça-feira, as primeiras medidas começaram a ser aprovadas pelos parlamentares: a Câmara dos Deputados aprovou o texto que proíbe a ampliação de benefícios tributários quando as contas públicas tiverem um desempenho negativo.

Além disso, quando o governo registrar déficit primário (situação em que as despesas são maiores que o dinheiro arrecadado), a proposta aprovada ativa um “gatilho” que limita o aumento de gastos do governo com pessoal.

Há expectativa de que a Câmara vote nesta quarta outros pontos centrais do pacote de corte de gastos, como mudanças na regra do salário-mínimo e abonos salariais. Depois, as propostas seguem para o Senado.

A ideia do pacote atual é economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030.

Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico consolidaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.

O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público.

O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu.

Além desse cenário, a agenda internacional conta com a reunião do Fed, que decide a nova taxa de juros dos Estados Unidos. A projeção da grande maioria do mercado é que a instituição corte suas taxas de juros em 0,25 ponto percentual, levando-as a um patamar entre 4,25% e 4,50% ao ano.

Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileiro, a B3, opera em baixa.

Dólar

Às 16h45, o dólar subia 2,82%, cotado a R$ 6,2672. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,2672. Veja mais cotações.

Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,02%, cotada a R$ 6,0956, renovando seu recorde nominal (que é o valor da moeda sem ajuste pela inflação).

Com o resultado, acumulou:

  • ganhos de 1,01% na semana;
  • alta de 1,58% no mês;
  • avanço de 25,62% no ano.

Ibovespa

No mesmo horário, o Ibovespa caía 2,23%, aos 121.921 pontos.

Na véspera, o índice subiu 0,92%, aos 124.698 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 0,07% na semana;
  • perda de 0,77% no mês;
  • recuo de 7,07% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

No cenário fiscal brasileiro, o governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. São as regras definidas pelo arcabouço fiscal, o conjunto de normas para controle das contas públicas.

O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público. Mas os investidores já não acreditam que as medidas tomadas pelo governo até aqui tenham o potencial para conter o avanço da dívida pública no longo prazo.

O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Isso não aconteceu.

Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.

Segundo o blog do Valdo Cruz, interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o governo precisa dar uma sinalização mais forte na área fiscal, incluindo o anúncio de medidas adicionais às já anunciadas, para reverter de vez o cenário negativo que reina no mercado neste fim de ano.

Os aliados de Haddad acreditam que a aprovação do pacote já enviado ao Congresso vai ajudar a acalmar os ânimos dos investidores, mas as medidas não serão suficientes para derrubar o dólar.

Já no exterior, as atenções estão com a decisão de política monetária do Fed. Segundo a ferramenta FedWatch da CME, que monitora as projeções de participantes do mercado financeiro, 95,4% dos agentes esperam um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas americanas.

Juros menores nos Estados Unidos podem ser positivos para o Brasil. Isso porque, com taxas menores, os títulos públicos do país (considerados os mais seguros do mundo) passam a entregar uma rentabilidade também menor.

Assim, investidores buscam opções mais atrativas, justamente em um momento em que o Banco Central do Brasil (BC) está subindo seus juros — o que oferece maior retorno nos títulos nacionais.

Nesta terça-feira, o BC divulgou a ata de sua última reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, a 12,25% ao ano. No documento, a instituição voltou a indicar novas altas de mesma magnitude nos primeiros meses de 2025.

Por g1 economia

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