O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, segue este mês com “Entre Telas”, da artista Samy Sah. Ao longo de janeiro, período de férias, a instalação espera um aumento significativo no número de visitantes, especialmente devido ao tempo livre disponível para quem deseja explorar as obras com mais calma e atenção. A entrada é gratuita.
A instalação se destaca pela união de duas linguagens artísticas: as pinturas de Samy e filmes cuidadosamente selecionados, favorecendo mais do que um diálogo, mas uma verdadeira sinergia entre arte visual e cinema. As produções que compõem a instalação são “Outras Belezas: A Beleza da Negritude”, dirigida por Marília Faustino, “Nascentes”, com direção de Raysa Prado, e “Céu”, dirigida por Valtyennya Pires. Para Samy, a expectativa é que “Entre Telas” seja um dos principais eventos culturais da temporada, posto que oferece um ensejo para quem busca apreciar a arte e suas múltiplas possibilidades, conhecendo melhor as várias camadas de significados e referências construídas pela artista.
“Janeiro é um mês atípico. A sensação que temos é que tudo caminha um pouquinho mais devagar, estamos todos tomando fôlego para começar o ano e, por isso, espero que as pessoas tenham a oportunidade de vivenciar a instalação sem pressa, contemplando cada detalhe colocado nas nove telas, bem como as imagens cinematográficas exibidas. Acreditamos que esse é um momento importante para os visitantes se conectarem com as obras e a nossa expectativa é também receber os estudantes que estão de férias e procuram um programa diferenciado na cidade”, assinalou.
“Entre Telas” propõe diversas reflexões, sendo uma delas a própria dissolução entre os limites das linguagens que envolve, permitindo uma imersão maior nas pinturas e filmes, que “conversam” com a criatividade da artista. As obras, estrategicamente espalhadas em uma das galerias expositivas do MAPP, interagem com as cenas, permitindo ao visitante se transportar para inúmeras realidades, atmosferas e contextos. “Nosso desejo é que as pessoas usufruam desse momento. Tivemos, inclusive, relatos de visitantes que assistiram aos filmes inteiros, apresentados na instalação. Nesse sentido, nosso objetivo é alcançado, já que existe essa desaceleração do tempo. Não é propriamente uma pausa, no intenso fluxo de informações e imagens, mas uma fruição, um estar presente, muito distinto de meramente ficar rolando a tela do celular, por exemplo, um ato quase automático na atualidade”, explicou Samy.
Detalhando os filmes, o documentário “Outras Belezas: A Beleza da Negritude”, é ambientado na comunidade quilombola Caiana dos Matias, no interior da Paraíba, trazendo a narrativa de mulheres de diferentes gerações, acerca das consequências do racismo na autoestima e a busca para vencer os estigmas sociais; na ficção “Nascentes”, depois de uma grande perda, uma mulher tenta reorganizar sua vida e sua casa, num processo de reconhecimento em que tanto é necessário que ela se depare consigo mesma, quanto com suas outras formas de ser; já o documentário “Céu” retrata e enaltece o legado da louceira Maria do Céu e sua relevância para a comunidade quilombola Serra do Talhado Urbano, em Santa Luzia (PB) – Céu foi vítima de feminicídio, em 2013.
A instalação ocorre por meio do financiamento da Lei Paulo Gustavo, sob a operacionalização da Secretaria de Cultura (Secult) do Governo da Paraíba. A equipe técnica é composta por Walber Rodrigues (direção de arte); Yan Araújo (direção de produção); Íris Ribeiro (assistência de produção); Davi Sedìcias e Luyza Probst (assistentes de arte); Púrpura Freire de Santana (mediadora cultural); André Sátiro (identidade visual); e Ligiane Alves de Souza e Nayara Viturino dos Santos (acessibilidade em braile e em audiodescrição, respectivamente).
O público pode conferir “Entre Telas” de terça a sexta-feira, das 13h às 19h, e aos sábados e domingos das 14h às 19h. Os ingressos podem ser retirados antecipadamente AQUI. Além da instalação, o MAPP segue com duas exposições em cartaz: “Paraíba – Berço da Cantoria, do Cordel e de Culturas Populares”, e “Campina Grande 160 anos – Arte, História, Devoção, Ciência e Tecnologia”.7
Por Ascom UEPB