No ano de 2006, a brasileira trans Gisberta Salce Júnior foi assassinada em Portugal. Quase 20 anos depois, neste final de semana, dias 31 de janeiro, 1 e 2 de fevereiro (sexta, sábado e domingo), às 20h, o público pessoense poderá se emocionar e até se indignar com com essa história que levanta debates importantes como transfobia, violência e preconceito através de um espetáculo teatral.
Escrito por Letícia Rodrigues e Misael Batista e interpretado pela atriz Letícia Rodrigues, o monólogo “Gisberta – Basta um Nome para lembrarmos de um ódio” aborda a trágica história de Gisberta, uma mulher trans brasileira que se mudou para Portugal para escapar da violência no Brasil, mas acabou sendo torturada e morta por quatorze crianças e adolescentes em 2006. O crime, até hoje impune, transformou Gisberta em um símbolo da luta contra a transfobia.
“Gisberta” é uma obra que transcende o palco, propondo uma reflexão profunda sobre a realidade brutal enfrentada por mulheres trans e travestis. Com uma atuação visceral de Letícia Rodrigues, que incorpora mais do que a personagem, o espetáculo é uma denúncia viva contra a violência e o preconceito, convidando o público a sair de sua zona de conforto e a toma.
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Para a atriz Letícia Rodrigues, é importante que as pessoas façam uma reflexão sobre temas como transfobia e violência, diante do momento histórico em que o mundo vive. Podemos citar, por exemplo, a fala do presidente americano Donaldo Trump sobre ‘deter loucura transgênero’ no primeiro dia de seu governo e também assinou decreto para banir pessoas trans das Forças Armadas. “O Teatro é libertador, a fala do Trump vem com camadas de ódio e um espetáculo como Gisberta tem a função de ” Trans-Formar” as pessoas ali presentes para um debate”, reflete.
A atriz conta que o espetáculo existe há três anos e que, nos dias atuais, um espetáculo ter esse tempo de vida é importante para percebemos o quanto a dramaturgia pode ser invasiva. “Sempre que tem Gisberta é Lotado pq as pessoas que assistiram repassam para outras reflitam”, relata.
O espetáculo tem apoio da AMAC (Associação de Mulheres Acilina Candeia) e a Secretaria da Mulher e Diversidade Humana do Estado da Paraíba.
O ingresso custa R$ 10 para todos que levarem uma roupa ou lençol que não usem para doação. A chave pix é [email protected]
Caso que inspirou o espetáculo
Nos idos dos anos 2000, Gisberta era um nome que remetia a sensualidade brasileira nos palcos de Portugal. Tratava-se de uma celebridade underground que ganhou fama além-mar.
Gisberta foi torturada e assassinada em 2006, no Porto, ao norte de Portugal, por 14 adolescentes abrigados em uma instituição católica. O crime chocou a sociedade portuguesa da época e, ainda hoje, segue quase em total esquecimento no Brasil.